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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
o mais sábio (professor) explica os conteúdos e os aprendi-
zes copiam, reproduzem e acreditam sem questionar, con-
figurando uma “Pedagogia da submissão” (KUHLMANN Jr,
2000), ou, como afirmou Paulo Freire (2005), uma educação
bancária, em que o silêncio, a obediência, a reprodução e a
padronização imperam e formam práticas rotineiras e mecâ-
nicas. Se o sujeito inicia e continua sua formação com essa
ideia, supõem-se que dificilmente irá se tornar um questio-
nador/pesquisador, pois aprenderá apenas a reproduzir e
não a criar.
A escola, hoje, continua agindo em sua tarefa de edu-
car numa concepção de universalização e transmissão de
conhecimentos que se dá dentro dos preceitos de que al-
guém que sabe ensina a alguém que não sabe. Esse alguém
que sabe seria o “mestre explicador” conforme Rancière
(2010), aquele que executa a tarefa de transmitir seus co-
nhecimentos aos “alunos” para elevá-los gradativamente à
sua própria Ciência. Em suma, o ato essencial do mestre é
explicar aos espíritos jovens e ignorantes o que ainda não
sabem. Nessa “ordem das explicações” estão alicerçados a
educação e o fazer pedagógico ao longo da história, uma
ordem em que a criança não tem autonomia para gerir e
nem intervir na sua própria aprendizagem. Assim “o educa-
dor é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam
docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos, os
disciplinados” (FREIRE, 2005, p. 68).
Conforme analisa Vargas (2014), na educação da in-
fância essa visão está fortemente enraizada e não é difícil
perceber isso quando um adulto fala pela criança, para dar
um exemplo simples. Rancière (2010) argumenta que o as-
pecto que a criança aprende melhor é aquele que nenhum
mestre pode lhe explicar – a língua materna. Ela aprende sua
língua por observação, imitação, acerto e erro e autocor-
reção, e todos são capazes de aprender, independente de
suas condições e do contexto. Logo, essa criança, ao ir para
escola, mesmo tento aprendido a falar por sua própria inte-
ligência, sem
mestres explicadores
, passa agora a aprender