XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
Por muito tempo as crianças foram vistas como aquelas
que não tinham voz, que eram “um papel em branco” que
deveria ser preenchido pelos ensinamentos do professor.
As crianças historicamente foram vistas em suas faltas, e ja-
mais em suas capacidades, jamais como “gentes” competen-
tes, imaginativas, criativas, que devem, precisam e merecem
ser escutadas. Mas os estudos na área da Pedagogia vieram
sendo aprofundados, qualificados, e vieram mostrando, aos
poucos, que essa criança antes vista como alguém que nada
tinha a ensinar, apenas a aprender, também é alguém com
muitas capacidades, que participa, que produz cultura e que
nos ensina a cada dia (OLIVEIRA-FORMOSINHO; KISHIMOTO;
PINAZZA, 2007).
Paulo Freire fala-nos sobre a Educação Infantil e sobre
as crianças de forma breve, em poucos escritos, mas seu lega-
do nos mostra a importância de escutar, de estar disponível e
aberto ao outro que sempre tem algo a nos dizer. A obra frei-
reana é encharcada de reflexões acerca do diálogo e da neces-
sária escuta ao outro, apontando, inclusive, o “saber escutar”
como um saber necessário à prática educativa (FREIRE, 2011).
Nesse sentido, por acreditarmos profundamente na
importância de escutar também as crianças, é que na Uni-
dade de Educação Infantil Ipê Amarelo (UEIIA), Unidade da
Universidade Federal de Santa Maria, nossa proposta peda-
gógica tem como princípio da ação educativa a escuta às
crianças, pois acreditamos e apostamos em suas competên-
cias, em seus saberes, e que eles são expressados por elas de
muitas formas. E por se tratar de crianças de 0 a 5 anos, acre-
ditamos que essa escuta precisa envolver todos os sentidos,
não somente a audição, como nos lembra a autora italiana
Rinaldi (2012), pois as crianças desenvolvem aos poucos sua
linguagem oral, e suas outras muitas formas de expressão
também precisam ser escutadas.
Paulo Freire é um importante autor que nos ensina so-
bre a importância dessa escuta, sobre falar com o outro, e
não para outro, sobre a importância de uma relação horizon-
tal entre educador e educando, de modo que todos ensinem