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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
tivas. O primeiro se ocupando de um viés explicitamente
filosófico, e o segundo, centrado profundamente em uma
vertente sociológica, ambos contribuindo, a seu modo, para
a compreensão de mundo, de sociedade, de homem e de
educação.
O fato de terem vivido no mesmo período históri-
co e, portanto, presenciado iguais acontecimentos sociais,
econômicos e políticos (Freire: 1921-1997 e Fernandes:
1920-1995),
não significa que os dois tenham desenvolvido
as mesmas concepções em relação aos fatos sociais, mas
podemos destacar que ambos focaram a educação como
objeto de investigação e campo de disputa dos interesses.
Na medida em que o pensamento crítico se consolidava em
Fernandes e Freire as forças ditatoriais do regime militar de
(1964-1985) reprimia este tipo de reflexão, perseguindo es-
tes e outros teóricos na perspectiva de aniquilar as possibi-
lidades de transformação da sociedade.
Todavia, a repressão sofrida não intimidou Freire e
Fernandes, que prosseguiram em suas lutas de resistência,
contrariando o sistema vigente, que empoderava os ricos e
marginalizava as camadas mais empobrecidas da popula-
ção. Essa resistência foi determinante para o resgate, o re-
forço de sonhos e utopias na perspectiva de construção de
uma sociedade mais justa. Segundo Fernandes:
Os combates à ditadura infundiram densidade e
objetividade às utopias ou aos sonhos do passado.
Uma sociedade que não perdeu as rotas do que deve
querer mas aprendeu o que deve repudiar, porque
precisa rejeitar as mitificações alienadoras envolvi-
das, para atingir a maturidade de sua época histórica
de mudança social, que separa o arcaico moderno e
o moderno do que é essencial e precisa ser inventa-
do aqui e agora por nós mesmos. (1989, p.41).
Para os intelectuais em questão, era importante que
todos tivessem acesso aos mesmos direitos sociais e educa-
cionais, que, em sua época, eram restritos às classes domi-
nantes. Essas, por meio da alienação das classes mais humil-
des, legitimavam seu poder, sem grandes questionamentos