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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

ticamente pelo sonho de uma sociedade mais justa. Freire

enfatiza questões políticas no decorrer do livro, critica for-

temente as classes consideradas opressoras e afirma que o

desenvolvimento social exige “[...] a formação crítica intelec-

tual das maiorias e não só de uma elite egoísta e centrada

em si mesma” (2003, p. 176).

A alfabetização de adultos, ponto importante na his-

tória de Paulo Freire, também é destacada por ele, espe-

cialmente quanto à sua experiência na cidade de Angicos,

no Rio Grande no Norte. Freire apresenta suas concepções

e os pontos que defende em sua luta pelo direito ao co-

nhecimento. Defende que a alfabetização, enquanto ato de

conhecimento e criação, não pode ser trabalhada como a

memorização mecânica de letras e sílabas.

Para ele, os adultos em fase de alfabetização devem

ser desafiados a assumir o papel de sujeitos do próprio pro-

cesso de aprendizagem da escrita e da leitura e, para isso,

o programa de alfabetização deve partir do vocabulário co-

tidiano dos alfabetizandos. Assim, a partir de uma pesquisa

do universo vocabular dos adultos em processo de alfabeti-

zação, o ensino e a aprendizagem ocorrem no universo te-

mático em que estão inseridos.

Freire constantemente retoma, em suas cartas, a ques-

tão dos direitos e da liberdade, discutindo educação e de-

mocracia em oposição à ditadura. Sua opinião é explícita,

afirmando que não é possível haver igualdade, respeito e

direito à voz e à participação quando o regime nega a liber-

dade de falar, criticar, ler, discordar e, inclusive, a liberdade

de ser. Defendendo a democracia, Freire defende também a

tolerância como um dever de todos: o dever de, na relação

de cada um com os outros, respeitar o direito de todos de

ser diferentes.

Para ele, o Brasil precisa aprender com o passado para

construir o presente e o futuro, já que uma democracia em

que prevalece a discriminação, o desrespeito e a impunida-

de “tem muito ainda o que aprender” (2003, p. 204). Freire

reafirma seu gosto pela liberdade e sua busca pela justiça,