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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT7: DIREITOS HUMANOS E DESIGUALDADES SOCIAIS
lembranças que se atualizam no presente, estarão
relacionadas a um contexto social mais amplo e
com outras experiências vividas por estes jovens,
as quais podem estar relacionadas à sua família,
relações afetivas fora do contexto familiar, terri-
tório onde vivem, escola, políticas públicas entre
outras. Neste sentido, a percepção trazida por
eles sobre a institucionalização, não surge isolada,
sendo transformada dependendo do contexto no
qual estará conectada.
A vida destes jovens é permeada por vio-
lências sofridas através das violações de seus di-
reitos desde a infância, e também por violências
atuadas, como o delito que o trouxe para institu-
cionalização. As experiências passadas com a vio-
lência podem tomar a dimensão das experiências
traumáticas vividas como um excesso violento de
carga emocional e poderão se constituir como
um rompimento brusco com o passado e com as
tramas de sustentação simbólica de suas narrati-
vas. O surgimento do trauma na trajetória destes
jovens pode denotar dificuldades de convivência
com as lembranças e, consequentemente, com
todas as relações sociais, espaciais, temporais que
as originam e também com as que surgem a partir
das lembranças. “A questão, nesses casos, é a im-
possibilidade de termos testemunhos do passado,
uma vez que este não foi vivenciado como expe-
riência, mas como trauma” (SANTOS, 2013, p. 63).
Além disso, pode-se indagar se a própria institu-
cionalização não acaba somando-se a estas ex-
periências passadas traumáticas. Diante da fragi-
lidade do surgimento das lembranças e narrativas
em relação ao trauma vivido, é possível pensar
que o jovem egresso sempre encontra formas de
transmissão de suas experiências e vivências, seja