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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT3:
GÊNERO, RAÇA E TRABALHO
mas também a submissão do sujeito a condições
degradantes de trabalho e jornadas exaustivas,
que ferem a dignidade e os direitos humanos. A
globalização, por meio da mundialização do ca-
pitalismo competitivo, exige maior qualificação
dos indivíduos e produz o medo pelo desemprego,
criando uma sociedade tomada pela razão instru-
mental e por objetivos egocêntricos, fazendo com
que os que estão nos baixos níveis desta hierarquia
sejam mazelados.
Há duas constatações notáveis na revista
que surgiram a partir da análise dos dados: uma
delas é o posicionamento político contra governos
que promovem políticas públicas voltadas para as
classes populares, como o Partido dos Trabalhado-
res (PT), por exemplo, bem como a acusação de
serem estes governos populares os responsáveis
pelo trabalho análogo ao escravo. Em contrapar-
tida, há uma aparente tentativa de tornar des-
critivas as matérias vinculadas ao cenário atual,
quando o quê está em questão são as ações de
governo do Movimento Democrático Brasileiro
(MDB). A outra constatação foi o posicionamen-
to da revista (por meio de seus colunistas) contra
políticas que visam combater o trabalho análogo
ao escravo. Este último se deu por meio da desle-
gitimação e ridicularização dos projetos que en-
dureciam as penalidades para o crime. Segue a
análise de alguns trechos representativos das incli-
nações desta mídia impressa.
As considerações iniciais da pesquisa indi-
cam que a revisão legal do conceito de trabalho
análogo ao escravo, ao menos nos moldes anun-
ciados por Michel Temer, incorre em um risco à
dignidade da pessoa humana, ironicamente em
prol da ampliação dos lucros da pessoa jurídica.