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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT3: GÊNERO, RAÇA E TRABALHO
marcadores sociais, pois permitem uma melhor
compreensão das condições de existência das
mulheres, especialmente no contexto da recicla-
gem de resíduos. As pessoas que trabalham neste
contexto, predominantemente habitado por mu-
lheres negras e pobres, convivem com a invisibili-
dade e a exclusão e ao mesmo tempo lutam por
melhores condições de existência para si e para
os seus. Na CEAR, encontramos a ampla participa-
ção de mulheres na gestão do empreendimento,
assim como no trabalho da separação dos resí-
duos, pesagem e comercialização dos fardos de
materiais a ser reciclados. Além do mais, sua atua-
ção se expande na busca de recursos, através de
projetos e parcerias com empresas e outros em-
preendimentos. A Cooperativa tem passado por
diversas dificuldades oriundas do atraso do paga-
mento do convênio firmado com a Prefeitura Mu-
nicipal de Porto Alegre, assim como a quantidade
e qualidade dos resíduos que chegam até a UT,
através do DMLU. A crise financeira e política que
acomete os municípios, sobretudo Porto Alegre,
atinge principalmente as camadas pobres da so-
ciedade, reduzindo a renda mensal dos trabalha-
dores (as) da reciclagem. O ingresso em coope-
rativas ou associações de catação e reciclagem
de resíduos urbanos são potência na busca por
melhores condições de vida de pessoas excluídas
do mercado de trabalho formal (MIURA; SAWAIA,
2013). As trabalhadoras são sócias da cooperati-
va, o que possibilita definirem as condições e fle-
xibilidades relativas às melhorias nas relações de
trabalho, como também à rotina fora dele, visto
que a maioria das mulheres precisa dar conta do
cuidado dos filhos, enquanto estão em horário
de trabalho, como levar e buscar na creche, por