167
VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT3:
GÊNERO, RAÇA E TRABALHO
bilizados vários aspectos que permearam as expe-
riências de mulheres escravizadas, e a complexa
relação entre essas categorias de análise. A docu-
mentação tambémmostra que não existe uma es-
trutura universal de dominação da mulher, como
propunham alguns estudos feministas com a ideia
de opressão comum, exatamente porque não
existe uma categoria universal de mulher, análise
que algumas intelectuais já desenvolveram como
bell hooks
.
Para essa comunicação três processos
foram selecionados, e registram fragmentos das
trajetórias de Maria Rita, Maria e Mafalda, bem
como expõem a construção de gênero como sen-
do constituinte do sistema de opressão escravista,
juntamente com a categoria de raça e a explo-
ração do trabalho escravo. Assim, a articulação
dessas opressões tornou a experiência de escravi-
dão diferente para mulheres e homens. No que se
refere a observação dos processos citados, desta-
ca-se a análise da maternidade na condição ca-
tiva; a vulnerabilidade dessas mulheres à violência
de gênero sofrida nas diferentes configurações do
trabalho escravo, assim como na pratica das dife-
rentes masculinidades; as experiências amorosas
femininas, que ajudam a entender essas mulheres
não apenas do ponto de vista da exploração do
trabalho escravo, mas como seres humanos que
estabeleceram relacionamentos afetivos e foram
também motivados por eles, no exercício de hu-
manizá-las, ao tentar compreender as múltiplas
experiências que compõem suas trajetórias de
vida, sem recair sobre os extremos da vitimização
e da idealização. Os objetivos do projeto têm des-
velado diferentes perspectivas de análise, e assim,
construindo eixos para o desenvolvimento da dis-
sertação, sendo que a construção social da mu-