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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT3:
GÊNERO, RAÇA E TRABALHO
INTERSECÇÃO NA EXPERIÊNCIA DE
MULHERES NO TRABALHO ESCRAVO.
Bruna Letícia de Oliveira dos Santos
(PPGH – UNISINOS)
RESUMO:
Intersecção na experiência de mulheres
no trabalho escravo, faz parte do desenvolvimento
do projeto de pesquisa “Gênero, raça e trabalho:
experiência de escravidão para mulheres negras
(Comarca de Rio Pardo, 2° metade do século XIX).
O principal objetivo da pesquisa é explicar como
a relação entre gênero e raça na experiência de
mulheres escravizadas configuraram a situação
em que essas mulheres se tornaram vítimas ou rés
nos processos-crime analisados. Para isso o proje-
to propõe uma análise interseccional, partindo do
conceito de gênero, que já vinha sendo discutido,
mas foi organizado de forma a ser utilizado nas pes-
quisas históricas por Joan Scott, em 1989. Dessa for-
ma: “gênero é a organização social da diferença
sexual [...] gênero é o saber que estabelece signifi-
cados para as diferenças corporais” (SCOTT, Joan.
1994, p.13). Scott utiliza a ideia de saber de Michel
Foucault – saber como “significado de compreen-
são produzido pelas culturas e sociedades sobre
as relações humanas, no caso relações entre ho-
mens e mulheres. [...]. Seus usos e significados nas-
cem de uma disputa política e são os meios pelos
quais as relações de poder – de dominação e de
subordinação – são construídas. O saber não se
refere apenas a ideias, mas a instituições e estru-
turas práticas cotidianas e seus rituais específicos.”
(SCOTT, Joan, 1994, 12-13). Entender gênero como
um saber acumulado sobre o que é ser homem