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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:

GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA

SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018

GT3:

GÊNERO, RAÇA E TRABALHO

exemplo. As mulheres desempenham uma diver-

sidade de papéis, pois além do trabalho remune-

rado na cooperativa, dão conta do cuidado dos

filhos, como já mencionado, realizam as tarefas

domésticas, e precisam cuidar de integrantes de-

pendentes da família, como os familiares mais ve-

lhos. O papel dos estudos, na vida destas mulhe-

res, geralmente ocupa um lugar secundário, visto

que precisam dar conta de outras dimensões, que

abarcam questões relacionadas à sobrevivência,

como alimentação e moradia. Contudo algumas,

buscam ingressar em estudos noturnos, através do

EJA, para concluir os estudos do Ensino Fundamen-

tal. Na atualidade, observa-se a naturalização dos

papéis desempenhados e divididos com base no

gênero, na cor da pele, na classe social. A utiliza-

ção da interseccionalidade como ferramenta de

análise, contribui para romper o paradigma sobre

a definição de mulher universal. Tal perspectiva

auxilia na compreensão das experiências vividas

por mulheres que têm suas existências marcadas

pela intersecção de gênero, raça e classe em

contextos de exclusão (VIVEROS; VIGOYA, 2016).

Utilizando a interseccionalidade para compreen-

der as dinâmicas que se estabelecem nas traje-

tórias das mulheres trabalhadoras da reciclagem,

compreendemos que o gênero não pode ser con-

siderado como um marcador isolado. Essas mu-

lheres, que são em sua maioria, pobres e negras

veem o trabalho em uma cooperativa como algo

atrelado à autonomia e à luta contra as dificulda-

des, assim como o rompimento de relações que se

apoiem em sistemas tradicionais de divisão sexual

do trabalho. As experiências obtidas no trabalho

cooperativo são consideradas como potência

para a transformação das relações de hierarquias,