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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
dessas ideias como a verticalidade e o autoritarismo, enrai-
zados na cultura centralizadora, mantinha-se uma política
assistencialista, dificultando experiências democráticas.
Freire (1959) problematiza que o planejamento educa-
cional deve estar associado às condições locais e regionais
e que essa descentralização
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cria o sentido de organicidade
necessário ao processo educativo.
É nesse sentido, que, o autor, demonstra seu conven-
cimento quanto ao ser humano constituir a consciência de
sua responsabilidade social e política enfatizando a impor-
tância da inserção dos sujeitos em experiências democráti-
cas
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. O aprendizado da democracia acontece na prática pela
vivência, o que possibilita introjetar o sentido do desenvol-
vimento econômico
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, constituindo, por fim, um ser humano
não apenas expectador, mas participante do processo.
O saber democrático que se incorpora ao ser humano,
de maneira experimental e existencial, torna-se relevante ao
aprendizado dos sujeitos. Em sentido oposto, há um saber
transferido ao povo de maneira intelectualizada, saber esse
constituído pelo antidiálogo, o qual impõe ao ser humano
uma forma de assistencialismo, caracterizada pelo mutismo,
passividade e servidão.
A proposta freiriana remete a ajudar o ser humano
para que aprenda a ajudar-se, no sentido de promovê-lo,
ou ainda, “[...] fazê-lo agente de sua própria recuperação.
E, repitamos, pô-lo numa postura conscientemente crítica
diante de seus problemas e dos problemas da comunidade”
(FREIRE, 1959, p. 14).
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Freire (1959) assume o termo descentralização, a partir da obra
Educação
não é previlégio
de Anísio Teixeira. Nesse contexto, a reforma na educa-
ção deveria ser uma reforma política, permanentemente descentralizante,
onde os municípios poderiam gerir os fundos municipais de educação, no
intuito de implantar sistemas educacionais locais.
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As experiências democráticas abordadas por Freire (1959) estão ligadas
ao mundo da vida, ao contexto histórico onde os seres humanos estão
inseridos.
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Freire (1959) faz referência ao desenvolvimento econômico como preocu-
pação da inserção do sujeito, na realidade brasileira no final dos anos 50,
contexto esse de industrialização e democratização.