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EIXO 6 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E ALFABETIZAÇÃO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
direito, mas o dever, de construir uma concepção de educa-
ção. Como é possível ser um político sem tornar-se um pro-
fessor, sem tornar-se um educador? ” (FREIRE, 2016, p. 38)
Indo mais longe, Freire, como pode ser possível que
políticos que jamais foram educadores, deliberem sobre
questões relacionadas intrinsecamente com a educação?
Sendo político, não se tornou educador e ainda quer definir
como este deve atuar, sem qualquer embasamento pedagó-
gico, arbitrando sobre práxis, julgando, perseguindo, calan-
do vozes, intimidando? Pode isso, professor?
Diante de tantas frustrações com a política, com os
políticos, com os partidos, muitos de nossos jovens e tam-
bém adultos, estão sem coragem de sonhar. Temer é o verbo
mais conjugado. Ele bloqueia qualquer chance de se confiar
no outro e construir sonhos. Já não estamos falando sobre
utopias, isso seria muito mais profundo. Falamos sobre so-
nhos mesmo. Sonho de se ter uma educação equânime.
Podemos pensar que a experiência nos remete ao pró-
prio ato de experimentar que só se dá quando todos os nos-
sos sentidos estão aguçados e não distraídos com estímulos
externos, bombardeados com mensagens de falta de pers-
pectiva. E é tanto ruído que, se nem os adultos são ouvidos,
imagine só se a voz do jovem chega a alguma parte! A reali-
dade exibida em meios de rápida circulação é desastrosa. A
alienação parece ser a melhor saída. Contra o que lutar? Com
quem fazê-lo? Como transformar esta realidade, professor?
“A realidade pode ser transformada e deve ser transfor-
mada. O fato é que meus sonhos permanecem vivos, a força
dos meus sonhos me leva a dizer a vocês mais uma vez: por
favor, não desistam. Não permitam que esta nova ideologia
do fatalismo mate a sua necessidade de sonhar. Sem sonhos
não há vida, sem sonhos não há seres humanos, sem sonhos
não há existência humana. ” (FREIRE, 2016, p. 49).
Entendemos as suas palavras, mestre. Dialogamos
contigo, com os jovens e com educadores. Entendemos que
o desafio da educação é semear sonhos. Porém, há pouca
escuta. Há pouco amor. Há pouco diálogo.