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EIXO 6 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E ALFABETIZAÇÃO

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

siderar a hipótese de transferir uma experiência ao outro,

ignorando o que o outro já traz de bagagem de vida. Seria

leviano entender que o jovem só tem a aprender e o adulto

só tem a ensinar. Mais lógico pensar que experimentamos

sempre e juntos, integrados.

Integrar-se com o outro é também permitir-se o des-

cobrimento maior a que se pode chegar: o de si mesmo. Por

ti, e por outros que te inspiraram, sabemos que o Eu só exis-

te na relação com o Tu, na troca respeitosa. Quando abrimos

espaço para a experiência do outro, permitimos que ocorra

a nossa própria construção.

Mas, talvez você tenha pensado que, passada a dita-

dura, nossos jovens encontrariam melhor terreno para ex-

perimentar. Avançamos pouco. Recuamos. Ainda não nos

perguntamos para onde vamos porque estamos na primeira

pergunta, querendo saber, afinal, quem somos?

Ouvimos você dizendo que somos a relação entre a

herança genética e a herança cultural e histórica. Mas como

estas relações são construídas? Pela escuta atenta, pela con-

sideração de que existe um Tu, podemos supor. Mas, o que

você diria a respeito da escola sem partido?

Nossos professores e jovens experimentam tal dilema,

têm sofrido as consequências e muitos, pasme, têm prefe-

rido se abrigar na alienação porque os debates estão muito

polarizados. Como lidar com as diferenças de opinião se não

as experimentam? O que pensa sobre isso?

“O que os jovens necessitam é precisamente do teste-

munho da diferença e o direito de discutir a diferença. Isto é

o que deveria acontecer. Quão bonito é para os estudantes

acabar de ouvir um professor ou professora progressista fa-

lar sobre utopia, criticando, por exemplo, um discurso neo-

liberal – que agora está espalhando pelo mundo a terrível

ideologia do fatalismo – e ouvir, depois que aquele profes-

sor ou professora se retira da sala, outro ou outra, que entra,

defendendo o discurso liberal. ” (FREIRE, 2016, p. 35)

Então, Paulo, você está nos dizendo que quanto mais

expostos à diversidade de opinião, mais capazes serão os