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EIXO 6 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS E ALFABETIZAÇÃO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
O processo de juvenilização da EJA é apontado por
Haddad e Di Pierro (2000, p. 127) que lembram que isso
é um desafio para os educadores da EJA. Há uma ou duas
décadas, a maioria dos educandos de programas de alfabe-
tização e de escolarização de jovens e adultos eram pessoas
maduras ou idosas, de origem rural, que nunca tinham tido
oportunidades escolares. A partir dos anos 1980, os pro-
gramas de escolarização de adultos passaram a acolher um
novo grupo social constituído por jovens de origem urbana,
cuja trajetória escolar anterior foi malsucedida. O primeiro
grupo vê na escola uma perspectiva de integração sociocul-
tural; o segundo mantém com ela uma relação de tensão e
conflito aprendida na experiência anterior.
Não ficava quieto nas aulas. Isso fez com
que eu não conseguisse terminar as séries
no ensino regular. (Gilberto, entrevistado
pela estudante Cláudia).
Os jovens que estudam na EJA carregam consigo o es-
tigma de alunos-problema, que não tiveram êxito no ensino
regular e que buscam superar as dificuldades em cursos aos
quais atribuem o caráter de aceleração e recuperação. Como
lembram Haddad e Di Pierro (2000, p. 127), os dois grupos
distintos de trabalhadores de baixa renda encontram-se nas
classes dos programas de escolarização de jovens e adultos
e colocam novos desafios aos educadores, que têm que lidar
com universos muito distintos nos planos etários, culturais e
das expectativas em relação à escola. Assim, os programas
de educação escolar de jovens e adultos, que originalmente
se estruturaram para democratizar oportunidades formati-
vas a adultos trabalhadores, vêm perdendo sua identidade,
na medida em que passam a cumprir funções de aceleração
de estudos de jovens com defasagem série-idade e regula-
rização do fluxo escolar.
Na escola aprendia muita coisa. Até aula
de Francês nós tivemos nos anos que es-