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EIXO 5 – PAULO FREIRE E OS MOVIMENTOS SOCIAIS, EDUCAÇÃO E TRABALHO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
mesmas com seus próprios olhos, entendendo as suas limi-
tações, sua situação desigual e que percebam na sua força
de produção socioeconômica e sociocultural a capacidade
de superarem as suas contradições que desde muito tempo
foram impostas.
Pensadoras e pensadores, educadoras e educadores
latino-americanos veem desde o início do século XIX pen-
sando e tentando desenvolver uma dimensão éticopolítica
e filosófica que consiga alcançar a superação de uma cultu-
ra europeia, ou em outras palavras, uma educação que seja
consistente na formação do povo da América Latina e que
desenvolva a suas dimensões como tal.
Se desde a Europa, no século XIX, constituíam-se
os alicerces teóricos para a compreensão da nova
ordem societária, na América Latina também havia
esse movimento de análise e de produção teórica
nos diferentes períodos do processo de desenvol-
vimento. Entre outros, a partir da obra organiza-
da por Streck (2010), constituem-se em exemplos:
José Martín (Cuba, 1853-1895), que se dedicou à
independência e defendia uma educação científica
e técnica junto com a formação ética e política do
povo; José Carlos Mariátegui (Peru, 1894-1930), que
defendia o socialismo, as universidades populares e
a escola única para os peruanos; Franz Fanon (Ilha
Martinica/Caribe, 1925-1961), que propunha uma
pedagogia voltada para a luta concreta e conjun-
ta dos condenados da terra; Ernesto Che Guevara
de La Serna (Argentina/Cuba, 1929-1976), em cujas
fileiras ninguém poderia continuar sem saber ler e
escrever; subcomandante insurgente Marcos (Mé-
xico/Chiapas), defendendo a ideia de uma educa-
ção rebelde e autônoma; Paulo Freire (Brasil, 1921-
1997), que propunha a educação como prática da
liberdade. (PALUDO, 2015, p. 224).
Cabe ressaltar que desenvolver ou trazer a evidência
a envergadura do pensamento latino-americano é extrema-
mente importante, principalmente, na perspectiva da desco-
lonialidade, de se destruir essa teoria de dependência, que
se faz também na própria ideia se precisar do Norte, ou para