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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
cos em relação às questões de gênero. Por meio do trabalho
pedagógico, podemos transmitir a valorização da equidade
entre os gêneros e a dignidade de cada um. Compreendemos
que, na sociedade, não existem índices para medir a homofo-
bia, o que “na verdade há é um desejo em eliminar e excluir
aqueles que contaminam o espaço escolar. Há um processo
de expulsão e não de evasão” (BENTO, 2008, p. 129).
Em contrapartida, as práticas desenvolvidas por edu-
cadores estão – de certa forma – contextualizadas por po-
líticas educacionais, que não se dobram de forma exclusiva
à reprodução das orientações explícitas nas normatizações
oficiais. Por vezes, influenciadas à convivência familiar e
pelos meios de comunicação, os mecanismos de produ-
ção, considerados por Fernandes (2008) como reprodução
e consumo das ideologias vigentes, diferem os espaços de
socialização. Tais afirmações são corroboradas quando se
apresenta as discussões sobre as representatividades de
sexualidade, veiculadas no final dos anos 1990 e início dos
anos 2000 (STAMPF, 2003).
Nesse sentido, Freire (1996) questiona a função de
educador autoritário e conservador, que não permite a
participação e integração dos educandos, suas curiosida-
des, insubmissões, bem como as suas vivências adquiridas
no decorrer da vida e no seu meio social. Coloca vários ar-
gumentos em prol de um ensino mais democrático entre
educadores e educandos, tendo em vista que somos seres
inacabados, em constante aprendizado e transformações.
Dar significância às relações de diferenças no espa-
ço escolar requer atenção à variedade e a maneira como
se produzem os significados dos comportamentos. Cons-
truções diferenciadas, como diversidade de gênero, apre-
sentam questões contextualmente existenciais, resultando
na desigualdade e nas diferenças exploradas pela opressão
do igualitarismo, apontado pelas formas “democráticas” de
relacionamentos em sociedade. Ou melhor, “não se trata de
identificar o estranho como o diferente, mas de pensar que
estranho é ser igual” (BENTO, 2008, p. 131-132).