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EIXO 2 – PAULO FREIRE: MEMÓRIA, REGISTRO, IDENTIDADE E ACERVO
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
uma perspectiva de vida melhor, mas também para ajudar
a comunidade em vários aspectos. Apesar da educação ser
direito fundamental e direto de todos como a Constituição
Federal, sabemos que uma parcela da sociedade não conse-
gue ter acesso e quando tem é precário ou impregnando de
preconceitos.
Em 2014 (dois mil e quatorze) passei no processo sele-
tivo especifico para quilombola, adotado pela Universidade
Federal do Rio Grande, para o curso de Direito o que foi uma
grande conquista para mim e também minha comunidade,
pois, assim poderei auxilia-los nas questões jurídicas e tam-
bém dar orientações a eles, pois só nós sabemos o quanto
sentimos falta disso.
Ter ingressado no ensino superior, só veio fortalecer
nosso sentimento de que somos todos iguais e temos di-
reitos de cursar um ensino público de qualidade, apesar de
sermos considerados uma minoria somos cidadãos de direi-
to e deveres e que infelizmente mesmo estando no século
XXI, ainda enfrentamos a tentativa de nos deixar invisível
perante a sociedade, ainda lutamos por visibilidade e nossos
direitos territoriais, culturais e sociais, entre tantos outros
que nos foram negados ou desprezado.
Tenho orgulho de ser mulher negra e quilombola, de
fazer parte de uma história de luta e resistências ao longo
dos séculos, nossa identidade e pertencimento, que sempre
foi preservado e compartilhado pelos moradores da comu-
nidade. Somos remanescentes de quilombos descendentes
de escravos e apesar da ocorrência de mudanças no modo
de vida das comunidades, não mudou o sentimento de per-
tencimento e identidade que é passado dos mais velhos
para os mais novos.
É de extrema importância que se tenha quilombolas
cursando o ensino superior, para defender as causas qui-
lombolas, durante todos esses anos sempre falaram por
nós, está mais do que na hora de os protagonistas de suas
histórias falarem por si próprios, e sair dessa invisibilidade
imposta pela sociedade.