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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
como deveríamos ser. E se, por vezes, como educadores,
esquecemo-nos do quão preciosa é a primeira infância, ro-
botizados em atividades empobrecidas e sem sentido, não
devemos, então, nos reinventar?
As proposições para a Educação Infantil podem nunca
sair do papel sem um governo preocupado em ter a educa-
ção básica como prioridade. Gestores inquietos, professores
com rica formação e dedicados, alunos curiosos, nada disso
será o bastante sem recursos para prover o essencial e o
complementar na Educação Infantil de qualidade. Isso Freire
já nos indicava há tempos, que sem investimento astucioso
e substancial na educação como um todo, até faremo-nos
educandos e educadores, mas abatidos sob nossas existên-
cias. Até mesmo o interesse mais aflorado esmorece frente
ao descaso. Daí a necessidade da esperança de que tanto
nos fala o mestre. Quase quero escrever “Esperança”, com
“E” maiúsculo! A esperança não-ingênua, não-frívola, mas
fecunda e embasada em princípios sólidos. Disse ele em Pe-
dagogia da Esperança (1992, p. 5):
“Não quero dizer, porém, que, porque esperanço-
so, atribuo à minha esperança o poder de transfor-
mar a realidade e, assim convencido, parto para o
embate sem levar em consideração os dados con-
cretos, materiais, afirmando que minha esperança
basta. Minha esperança é necessária mas não é su-
ficiente. Ela, só, não ganha a luta, mas sem ela a luta
fraqueja e titubeia”.
Trago aqui para complementar o ensejo o relato de
um menino de dois anos e meio a quem chamarei de San-
tiago. Santiago é criado pela mãe, divorciada, e vive com ela
e um irmão mais velho cuja diferença de idade da sua é rela-
tivamente acentuada. A mãe concluiu o ensino fundamental
e trabalha como diarista em período integral. Santiago con-
vive na turma de maternal 1 de uma escola municipal, tam-
bém em período integral. A situação econômica da família
é modesta. Ele possui tênue dificuldade de entrosamento
com os colegas, gosta de brincar sozinho (porque assim está
acostumado) e maravilha-se com brinquedos aos quais não