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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Ao delimitar, numa das poucas vezes que realiza de
maneira direta, o que é a autonomia, Freire (2006), assinala
que ela consiste num processo de construção que é próprio
de cada sujeito e se consolida, mediante as relações sociais
tecidas com outros sujeitos em espaços e tempos históricos
e culturais, partindo da premissa que os sujeitos são históri-
cos e que produzem e são produzidos pela cultura.
Sendo assim, Freire (2006) afirma que,
A autonomia, enquanto amadurecimento do ser
para si é processo, é vir a ser. Não ocorre em data
marcada. É neste sentido que uma pedagogia da
autonomia tem de estar centrada em experiências
estimuladoras da decisão e da responsabilidade,
vale dizer, em experiências respeitosas da liberda-
de. (FREIRE, 2006, p. 107)
Dessa forma, ao vivenciar experiências que estimulem
as crianças a decidirem e a assumirem a responsabilidade
sobre as decisões, elas começam a experienciar a liberdade
que começa a subsidiar as decisões que tomam por si pró-
prias. Portanto, compete aos educadores em situações for-
mais de aprendizagem vivenciadas na escola ou aos fami-
liares, no convívio do lar, promoverem situações onde seja
possível ao sujeito construir a sua subjetividade autônoma.
A autonomia se constrói em todas as circunstâncias.
Não há ações que podem ser classificadas em mais ou me-
nos importantes, pois esse é um critério singular atribuído
pelos sujeitos, mas não há como negar que as grandes deci-
sões se alicerçam em todas as experiências, até mesmo nas
mais simples, pois nesse processo tudo importa, tudo conta,
não há experiências mais ou menos importantes. Segundo
palavras do autor,
O que é preciso, fundamentalmente mesmo, é que
o filho assuma eticamente, responsavelmente, sua
decisão, fundante de sua autonomia. Ninguém é
autônomo primeiro para depois decidir. A auto-
nomia vai se constituindo na experiência de várias,
inúmeras decisões, que vão sendo tomadas. Por
que, por exemplo, não desafiar o filho, ainda crian-