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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
FINALIZANDO, PROVISORIAMENTE, ESSES
DESVELAMENTOS
Ao pensar nas seis cartas percebemos que, aos poucos,
Paulo Freire foi descrevendo suas dores, a desigualdade dos
adultos, foi abrindo o seu mundo a uma criança, escreven-
do o quanto os homens estão desabitados das crianças que
foram (2016, p.82-83). Ele queria trazer à Nathercia menina
um mundo maior àquele que ela habitava. As cartas nos en-
cantam, o livro por inteiro, todo trabalhado em cores, foto-
grafias, memórias, lembranças, retalhos, saudades, histórias,
retratando-se como um tesouro, que de fato é, que existiu
e existe, se fez e se faz como uma relíquia enquanto vida
vivida, enquanto memória que ficou, registro que chega até
nós. Nele há uma preocupação de se contar a história desde
o inicio, de se fazer uma viagem no tempo, na meninice de
Nathercia, lembrando-se lá, desde seus avós, fazendo com
que houvesse provocações para as memórias de Nathercia.
Nele tem desenhos da casa onde ela morava, retalho da toa-
lha da mesa, flores, árvores, pássaros carregando as cartas,
fotografias dela ainda criança, ressaltando as cores das rou-
pas bem estampadas, fotografias de seus avós, de seus pais,
irmãos e primos, fotografias de Paulo Freire com seu avô
Lutgardes (sobrinho e tio).
As imagens das cartas também estão no livro, com a
letra manuscrita de Paulo Freire, vivinhas, um verdadeiro te-
souro para todos nós, que acreditamos em suas pedagogias
e no patrimônio que deixou, por todos os tempos e para
todos os tempos, inclusive os tempos sombrios.
E todas essas cartas, imagens, fotografias, cores e
paisagens são frutos das memórias e das lembranças de
Nathercia, de seu acervo mais afetivo, de sua criança in-
terior muito viva, de seus pensamentos de educadora que
é e que trabalha com as infâncias, pensando como fazer
para que este livro de memórias afetivas chegasse até nós,
colaborando em nossas percepções sobre as crianças e no
quanto elas são, de fato, as naturezas mais vivas da vida
humana.