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EIXO 13 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO, SAÚDE E CIDADANIA
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
seus sonhos e se tornava essencial para cultivar os pontos
de vida. O grupo passou a considerar que poderiam obter a
terra em outro ponto do bairro, um mato próximo a URAS
onde havia lixo acumulado. A terra boa o suficiente para os
canteiros foi encontrada.
Na sequência, quebraram-se as pedras e telhas, com
cuidado. Mas, ao mesmo tempo, a educadora propôs que
as crianças e adolescentes colocassem na força todos os
sentimentos ruins que muitas vezes são alimentados. Fare-
mos aqui um parêntese para destacar o papel pedagógico
de uma educadora que se aproveita de toda a situação para
dar sentido aos seus fazeres. São essas as possibilidades
criadoras dos “inéditos viáveis” de Freire. Manualmente fe-
z-se a mistura da terra com a areia e também um saco de
minhocas. A vasilha utilizada para a mistura foi uma grande
lixeira e esse momento foi significativo, pois foi visível o pra-
zer manifestado pelos participantes.
Freire quando foi Secretário de educação da cidade de
São Paulo teceu considerações em relação ao ato de conhe-
cer. Chama a nossa atenção que “o que há de sério, até de
penoso, de trabalhoso, nos processos de ensinar, de apren-
der, de conhecer não transforma este fazer em algo triste.
Pelo contrário, a alegria de ensinar-aprender deve acompa-
nhar professores e alunos em suas buscas constantes” (FREI-
RE, 2001, p. 37).
As mudas de chás e temperos foram fornecidas pelo
Centro de Educação Ambiental Ernest Sarlet. Os funcionários
da Uras foram trazendo outras mudas como forma de apoiar
a proposta. Na prática a solidariedade vai se alargando para
além do grupo envolvido. O coletivo de crianças e adolescen-
tes, mas também o de profissionais alegram-se intensamente
com o crescimento das plantas, o aparecimento das flores, o
nascimento e maturação dos frutos; mas alegram-se, princi-
palmente, com a felicidade da colheita. Deliciam-se com o sa-
bor do melão, a partilha dos morangos, a pizza “margherita”
a flexibilidade de se permitir comer algo que julga não gostar,
mas, sabe que foi cultivado com amor (a couve).