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EIXO 13 – PAULO FREIRE: EDUCAÇÃO, SAÚDE E CIDADANIA

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

Na prática os sujeitos envolvidos, incluindo a autora

principal deste texto, foram desafiados a pensarem e a ex-

pressarem o que gostariam de plantar em suas vidas. A ideia

foi a de focar em verbos, em ações positivas. De posse dos

sentimentos gerados a partir desta provocação iniciou-se a

pintura das caixas de madeira, doadas pelo verdureiro que

fornecia verduras para a URAS, as quais tomariam forma de

canteiros.

O ato de se colocar junto ao processo, vivido pela

educadora - autora principal deste trabalho e, testemunha-

do pelas outras duas autoras materializa a prática do afeto,

compromisso com as crianças e adolescentes, sujeitos partí-

cipes de sua ação pedagógica. Para Freire (2005), onde quer

que estejam os sujeitos, o ato de amor ou de afeto está em

comprometer-se com sua causa. “Mas, este compromisso,

porque é amoroso, é dialógico. Como ato de valentia, não

pode ser piegas; como ato de liberdade, não pode ser pre-

texto para a manipulação, senão gerador de outros atos de

liberdade” (FREIRE, 2005, p. 92). E mais “não é possível a

pronúncia do mundo, que é um ato de criação e recriação,

se não há, amor que a infunda (FREIRE, 2005, p. 92).

O próximo passo foi à busca pela terra. Precisava-se

de uma quantidade significativa para iniciar a plantação. Os

adolescentes indicaram um morro próximo ao espaço da

URAS onde, segundo eles, se encontraria vários tipos de

terra. Logicamente se colocaram em uma trilha para veri-

ficar a promessa da terra fértil e necessária. Na ocasião, as

próprias crianças e adolescentes relataram a respeito de di-

versos casos ocorridos no local, como: desova de cadáveres

humanos, lugar onde se retirava os ossos dos corpos mor-

tos, entre outros episódios de extrema violência, naturaliza-

da e até banalizada pelas crianças e adolescentes. Diante de

tamanha responsabilidade pelo ato de educar, a educadora

ciente do seu papel toma como “estranha” essa realidade

tão “familiar” e, com muitas reflexões chegam ao consenso

de que, com toda essa crueldade, a terra já não seria tão

boa para plantar. A ressignificação da banalização da vida