1976
EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
de reconfiguração disto estão atrelados à práticas culturais
do pensamento crítico, da formação crítica que nasce na
família, perpassa a escola e termina de se formar na própria
constituição do sujeito adulto. Neste ponto, Freire e Ran-
ciére apontam, por lados diferentes, mas com uma mesma
condição enfática, para a necessidade de atualizar conti-
nuamente as formas de partilhar e distribuir aquilo que é
sensível: para Freire, através da autonomia, da construção
de uma sociedade embasada por um modelo crítico de en-
sino; para Ranciére como um esforço político-coletivo des-
dobrado nas diversas camadas sociais e de ação subjetiva
dos indivíduos. A manutenção do
statusquo
de nada serve,
em uma ponta, para a construção freireana da autonomia,
e na outra ponta, para a atualização das possibilidades do
próprio Sentir. Ambos, Freire e Ranciére estão apontando
para uma necessidade essencialmente política de luta por
reconfigurações do que é partilhado, vivenciado e expe-
rienciado. Pallamin (2010) ao refletir sobre as implicações
políticas da partilha da sensível de Ranciére, comenta que
“Ampliar a esfera pública, na compreensão do filósofo, não
significa estender o campo de ação do Estado sobre a so-
ciedade. Significa minimizar os espaços de domínio das
oligarquias, tanto no plano social quanto estatal (Pallamin,
2010, p.09)”. Nesta questão, Pallamin ainda comenta que a
lógica da distribuição e compartilhamento do sensível não
coincide com a esfera do político, mas que o próprio polí-
tico delimita socialmente o campo social em que é possível
tornar efetiva esta partilha. Neste ponto, da ampliação da
esfera pública como espaço de resistência às oligarquias
que permeiam o sensível, podemos perceber um forte
ponto de toque entre Freire e Ranciére, ambos ressaltando
a problemática do social, da prática da cidadania enquanto
alvo de uma pressão ideológica que na maioria das ve-
zes domestica e tinge os entendimentos possíveis sobre
o mundo, algo de outra forma alertado pelo conceito de
tradição, trazido aqui nas ideias de Foucault, que o explica
através de sua capacidade de reduzir as diferenças e criar