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EIXO 8 – PAULO FREIRE E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

e detalhes. Mesmo os conteúdos programáticos escolares,

frequentemente proclamados como neutros, revelam (ou

escondem) escolhas, opções e preferências sociais, culturais

e ideológicas. Os professores trabalham esses conteúdos

conforme suas visões de mundo, suas ideias, suas práticas,

suas representações sociais, seus símbolos e signos (SCO-

CUGLIA 1999, p.84).

O ato político, no caso de Freire, foi participar da mo-

bilização das classes dominadas para vencer a classe domi-

nante. Esta não poderia ser convencida porque, enquanto

classe social, estaria se suicidando. No entanto, alguns su-

jeitos da classe dominante poderiam se converter às classes

dominadas. Os educadores que assumem a difícil tarefa de

desvelar o real, de desmistificar a ideologia dominante são

exemplos dessa conversão. Segundo Freire, Gadotti e Gui-

marães (1995, p. 61),

A tarefa da re-produção é muito mais fácil, porque

seu espaço é enorme: quem oculta a realidade re-

produzindo a ideologia dominante nada a favor da

maré, a favor do poder. Quem se bate para deso-

cultar a realidade desmistificando a reprodução da

ideologia dominante nada contra a maré.

Caros educadores e educadoras, é preciso estar claro

que aqueles que nadam a favor da maré não são de forma

alguma neutros. Ao contrário, optaram pela preservação do

status quo, e essa opção determina o seu papel e os seus

métodos de ação em uma realidade que também não é neu-

tra. Suas ações e reações servem aos interesses da elite do

poder ao ajudar a manter a ordem estabelecida. Em oposi-

ção, aquele que opta pela mudança se empenha em desve-

lar a realidade. Trabalha com, jamais sobre os indivíduos, a

quem considera sujeitos históricos, que vão além do estar

no mundo, que o transformam e se transformam produzin-

do, decidindo, criando, recriando, comunicando-se. Enfim,

em união se tornam sujeitos da práxis. Porque é nas relações

do homem com o mundo e no mundo que ocorre esse pro-

cesso de ação e reflexão da realidade (FREIRE, 1981 p.34).