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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT7: DIREITOS HUMANOS E DESIGUALDADES SOCIAIS
gorias de raça e de gênero para avaliar a lógica
de dominação/subjugação, que se expressa, so-
bretudo, nos países colonizados pela Europa. Essa
construção teórica possibilita que compreenda-
mos para além da dinâmica exploratória entre
centro/periferia, pois explica como se constituiu e
desenvolveu uma hierarquização social através de
uma imposição normativa eurocêntrica. Por meio
da colonização dos povos indígenas americanos
e africanos, mediante a escravização, dizimação
e exploração de mão de obra, se desdobrou o
capitalismo contemporâneo que carrega consi-
go heranças coloniais que conduzem a diversas
modulações da vida coletiva; essas modulações,
que transcendem a colonização e reconfiguram
na contemporaneidade são compreendidas, de
modo geral, como a colonialidade (em seus des-
dobramentos: poder, ser, saber e natureza). Nes-
se sentido é possível compreender os motivos da
hegemonia do pensamento europeu na constru-
ção do conhecimento acadêmico, compreendi-
do como colonialidade epistêmica, por exemplo.
Toda essa lógica argumentativa é sustentada pela
raça como marcador principal da dinâmica de
dominação/subjugação (QUIJANO, 2014).
No entanto, queremos ressaltar que a hie-
rarquização do gênero, estabelecida pelo mode-
lo social patriarcal e simbolizada pela família tra-
dicional burguesa, já fazia parte da cultura e da
mentalidade dos colonizadores. Mais do que isso,
não podemos afirmar que havia qualquer tipo de
homogeneidade nas culturas dominadas, acerca
da sobreposição de gêneros, que se assemelhas-
sem aos moldes do patriarcado europeu. O que
implica argumentar que ao chegarem à América
Latina e África e explorarem essas populações, os