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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT1: DINÂMICAS DE GÊNERO E ESTUDOS FEMINISTAS EM CONTEXTOS AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS
é possível identificar um padrão estético corporal,
contudo não definido racialmente. Na organiza-
ção dos eventos é possível encontrar mais pessoas
negras, identificadas pela vestimenta da camiseta
da escola e calça branca, que em geral ficavam
nas portarias, servindo às mesas ou ainda nos ba-
res; nos bastidores da limpeza, nos banheiros, es-
tão, na sua maioria, mulheres negras mais velhas.
Por meio das observações foi possível per-
ceber que a estrutura das escolas de samba é
marcada pela distribuição desigual de prestígio e
privilégios a partir da combinatória particular dos
marcadores sociais da diferença de gênero, raça
e classe social. Pode-se concluir que a cultura do
samba em Uruguaiana, cujas raízes estão assen-
tadas nas matrizes africanas, foi apropriada pela
classe social dominante branca, que ocupa o lu-
gar de comando das escolas de samba e o povo
negro foi relegado, por um lado, ao lugar de das
produções artísticas, como produtores das músi-
cas, da dança, do samba – do entretenimento de
maneira geral e, por outro, aos bastidores para o
trabalho invisível que sustenta o espetáculo, o que
remete à percepção de que há uma apropriação
da cultura negra, convertida em símbolo nacional
domesticado, ocultando uma dominação racial
(GIACOMINNI, 1994).
Palavras-chave:
Interseccionalidade, gênero,
raça, carnaval.
REFERÊNCIAS
BRAH, Avtar. Diferença, diversidade, diferencia-
ção
, Cadernos Pagu
(26), janeiro-junho
de 2006: p.329-376. Disponível em:
<http:// www.scielo.br/pdf/cpa/n26/30396.pdf>.
Acessado em 15 de ago. 2018