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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT1: DINÂMICAS DE GÊNERO E ESTUDOS FEMINISTAS EM CONTEXTOS AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS
ba, algumas características chamam a atenção
e apontam para elementos fundamentais deste
universo. Desta forma, este texto objetiva analisar
a constituição do universo do carnaval uruguaia-
nense a partir da interseccionalidade (BRAH, 2009)
entre os marcadores de gênero, raça e classe so-
cial que posicionam desigualmente os diferentes
sujeitos neste contexto, conferindo-lhes uma distri-
buição desigual de prestígios e privilégios.
Para tanto, como mencionado, o método
de pesquisa para obtenção dos dados se dá por
meio da etnografia, a partir da observação parti-
cipante, com registros sistemáticos em diários de
campo, nos eventos que constituem o universo do
carnaval como um todo, que têm início nas fes-
tas de lançamento dos sambas-enredos das cin-
co agremiações do grupo especial da cidade,
que compõem o universo desta investigação. Por
meio da etnografia foi possível perceber que exis-
te uma prática de integração subordinada (FRY,
1982) em que os lugares de prestígio e privilégios –
como a presidência e a diretoria das escolas - são
ocupados por homens brancos adultos com mais
de 40 anos, acompanhados de suas mulheres,
igualmente brancas. Já os outros setores da esco-
la eram constituídos por pessoas negras, como os
casais de mestre sala e porta bandeira e as bate-
rias. Neste caso, os mestres invariavelmente eram
homens aparentemente mais jovens que os da di-
retoria, assim como a maioria dos componentes.
A presença de mulheres se dava apenas no instru-
mento ganzá (ou chocalho), que é o instrumento
que vem à frente da bateria e considerado o de
mais fácil aprendizado. O espaço eminentemente
feminino e de destaque das escolas é o chamado
grupo show, constituído pelas musas. Neste grupo