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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT5: REPRESENTAÇÃO POLÍTICA, JUVENTUDE E GÊNERO
Decorrente disso, a possibilidade da participação
política sempre esteve atrelada a hierarquia de
gênero (BIROLI, 2018).
Pensando na conexão entre a participação
política das mulheres e a dualidade entre o espa-
ço público e o espaço privado, coloca-se como
paradoxal e emblemático o movimento sindical
das empregadas domésticas. Isto porque, aparen-
temente coloca-se como movimento necessário
para superação da dualidade apontada, o deslo-
camento das mulheres para fora do eixo privado
− preconizado pela entrada das mulheres ao mer-
cado de trabalho formal ou pela reivindicação do
pessoal é político. No entanto, é justamente den-
tro de uma categoria de trabalho que reproduz o
estereótipo de gênero da domesticidade femini-
na; entre as mulheres que sofrem a maior vulnera-
bilidade social, exercendo um trabalho marcado
pelo passado escravista; que se logra desenvol-
ver um movimento sindical majoritariamente fe-
minino e intensamente desafiador da autoridade
patriarcal.
Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é
recuperar uma narrativa histórica da construção
do movimento sindical das domésticas que co-
loque em proeminência os desafios políticos que
essas mulheres enfrentaram diante do estado, do
machismo e do racismo. Pretendemos discutir os
obstáculos à participação política das mulheres
colocando em questão: 1) a necessidade de pen-
sarmos a noção de autonomia política e a demo-
cracia a partir da desigualdade de gênero e raça
e de sua relação ambivalente com a desvaloriza-
ção do trabalho doméstico; e 2) a relação entre
a inscrição de uma agenda política com políticas
públicas de gênero − e sua diferenciação das po-