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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT5: REPRESENTAÇÃO POLÍTICA, JUVENTUDE E GÊNERO
ESTUPRO COLETIVO NO RIO: UM
OLHAR SOBRE OS MARCADORES
DE GÊNERO E JUVENTUDE
Ana Karlice Nascimento de Ávila
(Mestranda no PPG em Ciências
da Comunicação da Unisinos)
Em 25 de maio de 2016, o noticiário brasilei-
ro estampava a manchete sobre uma jovem de
16 anos estuprada por mais de 30 homens na zona
oeste do Rio de Janeiro. O caso ganhava notorie-
dade após um vídeo com imagens da garota nua
e desacordada cercada por homens ser propaga-
do pelas redes sociais digitais. Em um dos primeiros
registros publicizados sobre o episódio, um rapaz
compartilha as imagens no Twitter, no dia 24 de
maio, com a frase “Amassaram a mina, intendeu
ou não ou não intendeu? Kkk” (sic). Na gravação
é possível ouvir frases como: “essa aqui, mais de 30
engravidou” e “olha como que tá (sic). Sangran-
do. Olha onde o trem passou. Onde o trem bala
passou de marreta”.
A partir da repercussão nas redes, uma pes-
soa foi ao Ministério Público do Rio de Janeiro e
fez uma denúncia anônima à ouvidoria. Ela levou
o vídeo e fez prints das manifestações a respeito
nas redes sociais. Na sequência, cerca de 800 co-
municações chegaram à ouvidoria do MP sobre o
caso. A própria família da adolescente só soube
do ocorrido ao ver o vídeo em que a jovem apa-
rece desacordada.
Após a divulgação nas redes e a denúncia
no MP, o jornalismo se apropriou do caso e passou
produzir notícias diárias sobre ele. Paralelamente, o