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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT3: GÊNERO, RAÇA E TRABALHO
discurso na construção da vida social” (GILL, 2003,
p. 244). O estudo levou em conta aspectos da
elaboração da identidade de gênero e das pos-
sibilidades de emancipação
pelo
e
no
trabalho,
consideradas as estratégias de produção de au-
tonomia construídas pelas mulheres. No decorrer
do trabalho de campo, nos deparamos com uma
trabalhadora transexual, o que despertou a aten-
ção das pesquisadoras para os desafios enfren-
tados pelas mulheres t
rans
. O gênero engloba os
aspectos identitários que são construídos a partir
do sexo biológico, em termos dos comportamen-
tos correspondentes associados ao papel de ‘ho-
mem’ ou ‘mulher’. Portanto, é impossível falar em
identidades sem falar em gênero, pois “O concei-
to de gênero privilegia, exatamente, o exame dos
processos de construção dessas distinções - bioló-
gicas, comportamentais ou psíquicas - percebidas
entre homens e mulheres.” (MEYER, 2003, P. 16).
Segundo Oliveira (1997, p. 13), “a segrega-
ção por sexo nas ocupações leva à consideração
do sexo como uma dimensão na qual o mercado
de trabalho é segmentado,
havendo dois merca-
dos de trabalho relativamente separados para ho-
mens e mulheres
”. Para Seffner, Borrillo e Ribeiro
(2018), as questões de gênero e sexualidade vêm
experimentando um deslocamento que as tornam
centrais na luta democrática brasileira. Ou seja, a
questão torna-se relevante em termos mais abran-
gentes e a própria democracia está em jogo
quando se pensa na articulação das categorias
trabalho
e
gênero
.
No caso da mulher trans, ela precisa afirmar,
ao mesmo tempo, sua
identidade
e sua
sanidade
mental. A necessidade de ser aceita socialmen-
te como mulher e como cidadã ainda é acom-