304
EIXO 3 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, TÉCNICA, TECNOLÓGICA E SUPERIOR
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
trabalho formal, proporcionando uma educação profissional
que pode ser focada em vários segmentos
2
, porém sempre
mantendo consonância com a Portaria nº 723/12 do MTE, a
qual traz a obrigatoriedade de que sejam trabalhados con-
teúdos de formação humana e científica devidamente con-
textualizados, entre eles “direitos humanos, com enfoque no
respeito à orientação sexual, raça, etnia, idade, credo religio-
so ou opinião política”.
Em tempos bárbaros, sabe-se imprescindível abordar
questões voltadas à ética e aos direitos humanos em sala de
aula, no entanto, a própria expressão “direitos humanos” é
cunhada de tantos paradigmas que se torna delicada e com
uma rejeição palpável a abordagem. Frise-se que nos cursos
de aprendizagem via de regra os educadores provêm de di-
versas áreas do conhecimento, não tendo passado na aca-
demia por ensinamentos propriamente pedagógicos, como
o caso desta educadora que vos escreve.
Para suprir a ausência de tais conhecimentos, recorri,
de imediato, a Paulo Freire. Inicialmente, por se tratar de um
espaço diferenciado de ensino, no qual estão inseridos jo-
vens de faixas etárias distintas, inseridos em contextos sociais
diversos e com propósitos normalmente antagônicos, fui em
busca de ummeio adequado de abordagem e interação entre
a ampla diversidade cultural existente. Meu primeiro relacio-
namento se deu com a obra “Professora sim, tia não: cartas a
quem ousa ensinar”, me auxiliando a compreender a posição
democrática que eu sentia a necessidade de assumir, mesmo
que o programa em si possuísse ummodelo um tanto quanto
autoritário, pois entendia-se que ao preparar jovens para o
mercado de trabalho, ou seja, força produtiva, deveriam estar
preparados para “o pior”. Eis que comecei a questionar, de iní-
cio, o porquê de apresentarmos sempre a ideia de que estes
jovens deveriam estar dispostos a trabalhar
para
alguém, a
obedecer
, ao invés de projetarem mais além, visarem talvez o
2
No SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional), instituição
em que atuei como Orientadora de Educação Profissional nos cursos de
aprendizagem, por exemplo, os jovens podem cursar a Aprendizagem Pro-
fissional em Serviços de Supermercado, Vendas ou Administrativo.