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EIXO 3 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL, TÉCNICA, TECNOLÓGICA E SUPERIOR

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

trabalho formal, proporcionando uma educação profissional

que pode ser focada em vários segmentos

2

, porém sempre

mantendo consonância com a Portaria nº 723/12 do MTE, a

qual traz a obrigatoriedade de que sejam trabalhados con-

teúdos de formação humana e científica devidamente con-

textualizados, entre eles “direitos humanos, com enfoque no

respeito à orientação sexual, raça, etnia, idade, credo religio-

so ou opinião política”.

Em tempos bárbaros, sabe-se imprescindível abordar

questões voltadas à ética e aos direitos humanos em sala de

aula, no entanto, a própria expressão “direitos humanos” é

cunhada de tantos paradigmas que se torna delicada e com

uma rejeição palpável a abordagem. Frise-se que nos cursos

de aprendizagem via de regra os educadores provêm de di-

versas áreas do conhecimento, não tendo passado na aca-

demia por ensinamentos propriamente pedagógicos, como

o caso desta educadora que vos escreve.

Para suprir a ausência de tais conhecimentos, recorri,

de imediato, a Paulo Freire. Inicialmente, por se tratar de um

espaço diferenciado de ensino, no qual estão inseridos jo-

vens de faixas etárias distintas, inseridos em contextos sociais

diversos e com propósitos normalmente antagônicos, fui em

busca de ummeio adequado de abordagem e interação entre

a ampla diversidade cultural existente. Meu primeiro relacio-

namento se deu com a obra “Professora sim, tia não: cartas a

quem ousa ensinar”, me auxiliando a compreender a posição

democrática que eu sentia a necessidade de assumir, mesmo

que o programa em si possuísse ummodelo um tanto quanto

autoritário, pois entendia-se que ao preparar jovens para o

mercado de trabalho, ou seja, força produtiva, deveriam estar

preparados para “o pior”. Eis que comecei a questionar, de iní-

cio, o porquê de apresentarmos sempre a ideia de que estes

jovens deveriam estar dispostos a trabalhar

para

alguém, a

obedecer

, ao invés de projetarem mais além, visarem talvez o

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No SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Nacional), instituição

em que atuei como Orientadora de Educação Profissional nos cursos de

aprendizagem, por exemplo, os jovens podem cursar a Aprendizagem Pro-

fissional em Serviços de Supermercado, Vendas ou Administrativo.