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EIXO 14 – PAULO FREIRE: ARTE E CULTURA POPULAR
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
No âmbito local, a omissão do Estado e a ausência
quase absoluta de políticas culturais, sob a condução da
Gestão Nelson Marchezan (PSDB) vêm transformando Por-
to Alegre em uma cidade que perde, dia-a-dia, seu maior
patrimônio: a afirmação da cultura cidadã. Diante disso, ati-
vidades como a relatada adquirem uma especial relevância
dentro do binômio resistência/afirmação.
O sucesso da experiência relatada, com a afirmação
do papel de artista-compositor cidadão, crítico e engajado
em torno das lutas por justiça social, nos leva a convicção
que é através de diálogos dessa natureza que a EJA afirma
e atualiza o legado freiriano em torno da Educação Popular.
Se os anos de chumbo da ditadura civil-militar pare-
cem distantes (GORENDER, 1988), o protofascismo se avi-
zinha e ganha formas inusitadas na atualidade, afirmando
a tese (insustentável) da “escola sem partido” (FRIGOTTO,
2016). É preciso, portanto, resistir a essa avalanche através
da boa luta que constrói a consciência crítica. E as lutas, em
todas as arenas, inclusive na escola pública popular, por Me-
mória, Verdade e Justiça, reveste-se de profundo significado.
Nessa mesma perspectiva, lembramos o apelo de Ar-
royo (2017), quando o mesmo afirma da necessidade de
recuperar a humanidade roubada dos estudantes jovens-a-
dultos da EJA, em seus percursos tortuosos no âmbito esco-
lar, seja provocado pela o mundo do trabalho, seja pela dura
realidade em que estão inseridos.
O ataque sobre a EJA, com a rejeição dos marcos legais
e programáticos existentes, restrição de matrículas, asfixia
orçamentária, fechamento de escolas, em uma rede pública,
não algo isolado e pontual (DI PIERO, HADAD, 2015), mas
parte de um projeto perverso mais amplo orientado pela
lógica da mercantilização da educação (BALL, 2014; BANCO
MUNDIAL, 2017).
A afirmação do direito à educação para jovens, adultos
e idosos no âmbito da escola pública exige necessariamente
o compromisso dos gestores das políticas educacionais. Os
marcos e preceitos legais são referências importantíssimos,