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EIXO 14 – PAULO FREIRE: ARTE E CULTURA POPULAR

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

cado pela repressão que teve como marco o AI-5, fazem de

Raul um personagem ímpar. As utopias que o moveram em

diferentes da sua trajetória até a luta em torno da memória e

da verdade dos crimes da ditadura na atualidade fazem dele

um testemunho de resistência e superação.

Tanto Paulo Freire como Raul Ellwanger viveram, como

exilados, no Chile, local-refúgio de militantes brasileiros in-

vestigados, processados e/ou condenados por ações con-

sideradas subversivas. Para ambos, em que pese serem de

gerações distintas e de Freire ter chegado antes, em 1965,

no governo de Eduardo Frei e ter saído de lá em 1969 (TRI-

VINOS, ANDREOLA, 2001), foi um período marcante, tanto

como foi para Ellwanger, a experiência de viver sob o go-

verno da Unidade Popular, sob a presidência de Salvador

Aliende (1970-1973). Foi lá que Freire escreveu, entre outras,

sua obra mais conhecida, Pedagogia do Oprimido, há cinco

décadas (FREIRE, 2000).

Foi lá que Ellwanger ampliou signi-

ficativamente sua formação política e estético-musical (RO-

DEGUERO, 2011). Portanto, não é nenhum exagero afirmar

que a aproximação de ambos encontra uma convergência e

sintonia de projetos políticos e estéticos.

Paulo Freire tem sido um dos autores que se constitui

como referência política, epistemológica e ética para nossos

trabalhos (EMEF SAINT HILAIRE, 2011). Ele nos lembra de

que a realização do diálogo educativo prescinde necessa-

riamente da escuta da palavra do outro, de seu reconheci-

mento, mas também de sua problematização (FREIRE, 1998).

O conceito de Educação de Adultos vai se movendo

na direção do de Educação Popular na medida em

que a realidade começa a fazer algumas exigências

à sensibilidade e à competência científica dos edu-

cadores e das educadoras. Uma destas exigências

tem que ver com a compreensão crítica dos educa-

dores do que vem ocorrendo na cotidianidade do

meio popular. Não é possível a educadoras c educa-

dores pensar apenas os procedimentos didáticos e

os conteúdos a serem ensinados aos grupos popu-

lares. Os próprios conteúdos a serem ensinados não

podem ser totalmente estranhos aquela colidianida-