XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
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EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)
e 88). encontraremos nos escritos freirianos o conceito de
“inédito-viável”. O “inédito-viável” em Freire nos mostra a
incompletude humana e que nessa incompletude, esse eter-
no devir se mostra como uma possibilidade, uma esperança.
Aí se encontram as raízes da educação mesma, como
manifestação exclusivamente humana. Isto é, na in-
conclusão dos homens e na consciência que dela têm.
Daí que seja a educação um quefazer permanente.
Permanente, na razão da inconclusão dos homens e
do devenir da realidade (FREIRE, 2013, p. 102).
Paulo Freire entendia que a formação pretendida, a
emancipadora, só se construiria e se realizaria se os proces-
sos pedagógicos fossem pautados pela busca da criticidade
uma vez que a inércia de grande parte da população brasi-
leira levaria à ares de comodidade e meramente adaptação,
defendendo uma “educação para a decisão, para a respon-
sabilidade social e política” (FREIRE, 1974, p. 88). A esperança
torna-se uma forma de “intencionalidade cognitiva” e ante-
cipadora do desejo de mudança. Como ressalta Neto (2004),
Afirmar a esperança como uma forma de
intencio-
nalidade cognitiva
significa afirmar a possibilidade
de autoria na construção e reconstrução do conhe-
cimento necessário à permanente constituição dos
sujeitos e do mundo (p.60).
Este posicionamento nos apresenta uma questão cen-
tral: que postura o professor deve tomar em relação ao en-
sinar. Não devemos somente
apresentar
o mundo como ele
é, e sim,
explorá-lo
e propor mudanças em um exercício de
sempre à frente com consciência das dificuldades para atin-
girmos nossos objetivos. Saímos das fantasias e investirmos
na possibilidade de concretização de sonhos possíveis.
Mais do que ser educando por causa de uma razão
qualquer, o educando precisa tornar-se educando
assumindo-se como sujeito cognoscente e não
como incidência do discurso do educador. Nisto é
que reside, em última análise, a grande importância
política do ato de ensinar. (FREIRE, 2013, p.65).