Table of Contents Table of Contents
Previous Page  1828 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 1828 / 2428 Next Page
Page Background

1828

EIXO 11 – PAULO FREIRE EM DIÁLOGO COM OUTROS(AS) AUTORES(AS)

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

A questão a ser levantada aqui é considerar o elemen-

to utópico não como uma impossibilidade, “lugar nenhum”

e sim considerar a utopia como um objetivo fixo que sirva

como uma bússola norteadora, não apenas como um fim

em si, mas para nos levarmos à frente já que a esperança é

o alimento para a vida. “A necessidade imediata e constran-

gedora é a mola do despertar da consciência do homem”

(ALBORNOZ, 2006, p.26). O elemento utópico talvez seja um

dos fatores que permeiam a prática docente muitas vezes

de maneira subjetiva que necessita emergir das profundezas

da apatia em que nos encontramos com a finalidade de mu-

dar nossas realidades. Caminhar para a utopia é caminhar

para a felicidade. “A busca da felicidade define os homens e

denota o seu ser, indica que o homem é capaz de vir a ser

e dá sentido à utopia” (ALBORNOZ, 2006, p.23). Pensarmos

uma prática docente como agente desta

práxis emancipa-

dora

e fazer dos estudantes protagonistas do processo de

libertação e cultivadores de possibilidades na sociedade em

que estão inseridos. A educação vista como uma porta entre

aberta para a esperança de mudanças, aproximará teorica-

mente Ernst Bloch e Paulo Freire. A aproximação entre Bloch

e Freire em relação à utopia e o desejo de mudanças a par-

tir da tomada de consciência da realidade fazem da edu-

cação uma importante arma para a resistência ao discurso

hegemônico. Se para Bloch esse impulso de transformação

surge no momento em que há uma tomada de consciência

das contradições reais que é chamado de “utópico-concre-

to” (MISOCZKY; MORAES; FLORES, 2009). A esperança vista

como aspecto de mudança é fruto da realidade, uma vez

que o desejo de se mudar aquilo que está posto nasce do

concreto, da situação real do indivíduo. Portanto, podemos

considerar a utopia como o “gatilho” para a práxis refleti-

dos, segundo o filósofo alemão Ernst Bloch, no sonho diur-

no. “[...] o sonho diurno desenha no ar receptíveis vultos de

livre escolha, e pode entusiasmar e delirar, mas também

ponderar e planejar. [...] O sonho diurno pode proporcionar

que não pedem interpretação e sim elaboração” (2005, p. 79