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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT5: REPRESENTAÇÃO POLÍTICA, JUVENTUDE E GÊNERO
GÊNERO E FAMÍLIAS POLÍTICAS NO
CONGRESSO BRASILEIRO (2006-2014)
Maria Lúcia Moritz
(UFRGS)
RESUMO:
Na maioria dos países democráticos, o
campo da política permanece como um espaço
predominantemente masculino, sendo a arena
parlamentar um exemplo da falta de equidade
entre os gêneros. No Brasil, esse cenário também
se repete, e mesmo depois de três décadas de re-
torno à democracia, as mulheres ainda não atin-
giram sua condição de plena cidadania e sua
inclusão na esfera política não foi totalmente con-
templada. Ao contrário, as relações de gênero no
campo político são marcadas pela desigualdade
e pela assimetria de poder. Essa desvantagem po-
lítica das mulheres permite associá-las a uma “mi-
noria”, conforme definição de Scott (2005)
1
, mes-
mo que elas quantitativamente representem 51%
do eleitorado do país. Tal situação de “minoria”
é facilmente identificada no cenário pós-eleitoral
brasileiro de 2014: a bancada feminina represen-
ta 10% das vagas na Câmara dos Deputados e
14,8% dos assentos no Senado Federal.
2
Essa baixa
representação feminina no Congresso Nacional
coloca o Brasil na 154º posição no ranking mun-
dial em participação de mulheres no Parlamen-
to.
3
Na tentativa de reverter esse cenário foi ado-
1 SCOTT, Joan. O enigma da igualdade. Revista Estudos Feminis-
tas, Florianópolis, v.13, n. 1, jan./abr. 2005, p.11-30.
2 Foram eleitas 51 deputadas federais em 2014 e no Senado, 12
mulheres são detentoras de mandato (cinco eleitas em 2014 e
sete foram eleitas em 2010). Fonte: TSE. Acesso em: 31 maio 2018.
3 A posição brasileira no ranking mundial é apontada pela União