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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT4: DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS
ABORDAGENS DA MENOPAUSA
NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
Jandira Turatto Mariga
(Doutoranda em Ciências Sociais – Unisinos)
RESUMO
: Este estudo tem por objetivo analisar al-
gumas abordagens contemporâneas sobre a me-
nopausa nas ciências sociais. Metodologicamen-
te, buscou-se estudos recentes que contrastam
perspectivas desenvolvidas nas ciências sociais
com abordagens analíticas centradas numa visão
biomédica do corpo e de seus processos vitais. As-
sim, de acordo com Feltrin e Velho (2016), nas so-
ciedades industriais ocidentais, a biomedicina se
encarregou de consolidar a “visão oficial” (p.153)
sobre o “corpo feminino” marcado pela diferen-
ça entre os sexos, gênero, cultura e hierarquia de
poder. Discurso esse que se construiu enquanto
uma verdade científica, notadamente, no que se
refere à inferioridade feminina, cujo corpo foi “[...]
problematizado em todos os níveis, desde o nível
cromossômico e celular até o fisiológico, anatô-
mico ou comportamental” (FELTRIN; VELHO, 2016,
p. 154). Deste modo, a visão predominante que
se tem da mulher é que seu corpo é governado
pelos hormônios. Nesse contexto, a menopausa é
entendida como doença cuja patologia deve ser
tratada e a justificativa para a medicalização de-
corre de sintomas associados à diminuição da pro-
dução hormonal. No entanto, remete, também, à
concepção política da medicina numa socieda-
de capitalista e ancorada numa dimensão mate-
rial de mundo, cujo corpo feminino é concebido
como máquina (re)produtiva e pensado como ex-