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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:

GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA

SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018

GT3: GÊNERO, RAÇA E TRABALHO

lizar a reivindicação da qualificação dos espaços

de trabalho e de garantir o acesso aos lugares de

extração das matérias-primas, e, pelo visto, contri-

buiu fortemente para a conquista da demanda de

“profissionalização da atividade”. O processo que

deu visibilidade às mulheres que produziam panela

de barro até então no interior de seus quintais resi-

denciais, concorrendo para que elas adentrassem

a cena pública empoderadas, de fato e de direito,

antecipou outro momento de institucionalização

deste saber-fazer. No ano de 2002, obteve-se o re-

gistro e outorga do Ofício das Paneleiras de Goia-

beiras registrado no Livro Saberes do Iphan. Consi-

derado como prática e conhecimento primordiais

da coletividade artesã, esse processo de inscrição

da atividade paneleira no escopo das políticas de

patrimonialização cultural brasileira, além de indi-

car a atual delimitação do saber-fazer panela de

barro por esta ótica de institucionalização desta

cultura específica, expõe as mudanças ocorridas

na própria concepção e abrangência das ações

estatais acerca dos bens patrimoniais do país.

De outro modo, os vínculos das pessoas em si são

constantemente problematizados pela interação

abrangente com os artefatos culturais (panela de

barro), com o engajamento meticuloso ao longo

dos materiais utilizados para a confecção das pe-

ças (barro e tanino), e pela percepção e apren-

dizagem tidas com o ambiente envolvente (bairro,

manguezal, vale), o mundo da atividade paneleira.

Existe todo um esforço por parte das comunidades

tradicional para materializar seus saberes imateriais

para produzir objetos culturais “destinados ou não

ao mercado e através dos quais elas se afirmam

como sujeitos de direitos especiais. A materializa-

ção não engajando apenas coisas, mas também,