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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:

GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA

SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018

GT3: GÊNERO, RAÇA E TRABALHO

participação quanto à tomada de decisão; e, por

fim, na defesa da meritocracia, ou seja, da ideia

de que o sucesso é um resultado unilateral do es-

forço empregado em determinada atividade. Isso

tudo se fundamenta no paradigma utilitarista, que

ao transformar a sociedade em uma máquina de

produção, considera o homem como um agente a

serviço da produção, ou seja, um mero recurso da

empresa. (GAULEJAC, 2007).

A fim de garantir o êxito dessa nova estrutu-

ra desenvolve-se um conjunto de normas, padrões,

rituais e práticas que geralmente recorrem ao uni-

verso simbólico para exercer o controle dos com-

portamentos e atitudes. Nessa estrutura a opressão

de forma explícita perde espaço e o que se per-

cebe é uma “submissão livremente consentida”

(GAULEJAC, 2007, p. 37-38), em que a organização

mascara a dominação ao transformar os desejos

e angústias dos trabalhadores em motor para o lu-

cro. Ou seja, os trabalhadores desejam fazer par-

te da organização e ter sucesso nela, ou, ainda,

tem a ilusão de que já o fazem, não percebendo o

controle a que estão sendo submetidos.

A cultura do

management

pode ser definida,

ainda, como um conjunto de ideias que as novas or-

ganizações gerenciais estruturam. Sobre a ideologia

gerencialista, pode-se afirmar que elas envolvem:

(1) defesa de uma sociedade de livre mercado; (2)

crença do indivíduo como autoempreendedor; (3)

a exaltação da excelência como forma de aprimo-

ramento individual e coletivo; (4) o culto de símbo-

los e imagens representativas, como “palavras de

efeito” (inovação, sucesso, excelência) e “gerentes

heróis”; (5) valorização de tecnologias gerenciais

que permitem racionalizar as atividades organiza-

cionais.” (WOOD JR; PAULA, 2006, p. 94).