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EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Paulo Freire provoca ela a imaginar tudo o que ele
descreve, mostrando sua importância para ele e se preocu-
pando com a sua criança, descrevendo como se sente em
relação ao menino que foi e aconselhando-a sobre nunca
deixar de ser criança, nunca se esquecer da menina que vive
nela. Além de tudo isso, respeita o seu direito de criança; em
momento algum a infantiliza. Afirma isso quando diz que
tem essas conversas com seus filhos com naturalidade. E,
por fim, ele incentiva que ela continue escrevendo. Na carta
também é possível analisar a preocupação que Paulo Freire
tem em relação aos homens que se esqueceram do menino
que foram, ressaltando o quanto é importante ter sempre
viva a infância, as memórias das crianças que fomos.
(...) É uma coisa boa, Nathercinha, que a gente nun-
ca deixe de ser menino. Os homens atrapalham as
coisas, complicam tudo. Não sei se você vai enten-
der isso que vou lhe dizer. Mamãe e Papai lhe ex-
plicam melhor. Cresça, mas nunca deixe morrer em
você a Nathercinha de hoje, que começa a desco-
brir o mundo, cheia de curiosidade. Se os homens
não deixassem morrer dentro deles o menino que
eles foram se compreenderiam melhor. Mas eu não
quero fazer carta complicada para você. Carta de
gente grande. Mas é possível também conversar
com menino conversa como esta. Assim eu conver-
so com Joaquim e Lut. Toda vez que eles querem
conversar. Da mesma maneira, toda vez que você
queira conversar comigo, me escreva. Você hoje é
a mais nova de minhas amigas que me escrevem
sempre (2016, p.51).
A SEGUNDA CARTA – JUNHO DE 1967
Na segunda carta, Paulo Freire fala sobre a cidade, so-
bre a natureza, a estação do ano, sobre como ele se sente
menino novamente, relatando suas vontades, fala como se
tudo estivesse muito presente em sua vida, mostra sua preo-
cupação de que Nathercia nunca se esqueça de sua meni-
na, ao mesmo tempo em que faz nos refletir sobre como
estamos nutrindo a nossa criança interior, instigando-nos a