Table of Contents Table of Contents
Previous Page  2246 / 2428 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 2246 / 2428 Next Page
Page Background

2246

EIXO 15 – PAULO FREIRE E AS INFÂNCIAS

XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE

DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS

Paulo Freire provoca ela a imaginar tudo o que ele

descreve, mostrando sua importância para ele e se preocu-

pando com a sua criança, descrevendo como se sente em

relação ao menino que foi e aconselhando-a sobre nunca

deixar de ser criança, nunca se esquecer da menina que vive

nela. Além de tudo isso, respeita o seu direito de criança; em

momento algum a infantiliza. Afirma isso quando diz que

tem essas conversas com seus filhos com naturalidade. E,

por fim, ele incentiva que ela continue escrevendo. Na carta

também é possível analisar a preocupação que Paulo Freire

tem em relação aos homens que se esqueceram do menino

que foram, ressaltando o quanto é importante ter sempre

viva a infância, as memórias das crianças que fomos.

(...) É uma coisa boa, Nathercinha, que a gente nun-

ca deixe de ser menino. Os homens atrapalham as

coisas, complicam tudo. Não sei se você vai enten-

der isso que vou lhe dizer. Mamãe e Papai lhe ex-

plicam melhor. Cresça, mas nunca deixe morrer em

você a Nathercinha de hoje, que começa a desco-

brir o mundo, cheia de curiosidade. Se os homens

não deixassem morrer dentro deles o menino que

eles foram se compreenderiam melhor. Mas eu não

quero fazer carta complicada para você. Carta de

gente grande. Mas é possível também conversar

com menino conversa como esta. Assim eu conver-

so com Joaquim e Lut. Toda vez que eles querem

conversar. Da mesma maneira, toda vez que você

queira conversar comigo, me escreva. Você hoje é

a mais nova de minhas amigas que me escrevem

sempre (2016, p.51).

A SEGUNDA CARTA – JUNHO DE 1967

Na segunda carta, Paulo Freire fala sobre a cidade, so-

bre a natureza, a estação do ano, sobre como ele se sente

menino novamente, relatando suas vontades, fala como se

tudo estivesse muito presente em sua vida, mostra sua preo-

cupação de que Nathercia nunca se esqueça de sua meni-

na, ao mesmo tempo em que faz nos refletir sobre como

estamos nutrindo a nossa criança interior, instigando-nos a