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EIXO 7 – PAULO FREIRE E A EDUCAÇÃO POPULAR (AMBIENTES DIVERSOS)
XX FÓRUM DE ESTUDOS: LEITURAS DE PAULO FREIRE
DE 03 A 05 DE MAIO DE 2018, UNISINOS – SÃO LEOPOLDO/RS
Freire aos professores
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: ensinar, aprender, teoria, prática,
experiências, leitura e escrita, é reafirmar atualidade de seu
pensamento Paulo, pois provoca para uma discussão que
toma por base a educação como um ato político, ou seja,
um ato de compromisso e de responsabilidade. Você afir-
mou que é preciso desmistificar a neutralidade do processo
educativo, que leva a negação da sua natureza política.
Em
suas palavras é impossível, de um lado, uma educação neu-
tra, de outro uma prática política esvaziada de significação
educativa.
No momento histórico de meados de 1950, desta-
co o surgimento de uma proposta diferente de alfabetizar,
construída por você Freire, através de círculos populares de
cultura. Um ideal que proporcionou através da sistematiza-
ção de experiências o que conhecemos hoje como educação
popular.
Ocorre que o analfabetismo naquela década, era visto
como causa do subdesenvolvimento no país e o analfabeto
considerado um sujeito incapaz, excluído do direito de vo-
tar, além disso, o trabalho de alfabetização com esses adul-
tos era oferecido de forma infantilizada. [...] O analfabetismo
é uma das expressões concretas de uma realidade social in-
justa. (FREIRE, 1976).
E hoje? Qual a justificativa para uma alarmante esta-
tística sobre analfabetismo? Caro Freire, qual sua decepção
diante dos rumos da nossa Educação...
Reafirmar àquela proposta conscientizadora de alfa-
betização de adultos, cujo princípio básico é a leitura do
mundo e as experiências do educando, é partir da realidade
de vida do aluno para o aprendizado da técnica de ler e es-
crever em uma visão crítica do contexto. Em suas palavras [...]
o domínio sobre os signos linguísticos escritos, mesmo pela
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Esta carta foi retirada do livro Professora sim, tia não. Cartas a quem ousa
ensinar (Editora Olho D’Água, 10ª ed., p. 27-38) no qual Paulo Freire dia-
loga sobre questões da construção de uma escola democrática e popular.
Escreve especialmente aos professores, convocando-os ao engajamento
nesta mesma luta. Este livro foi escrito durante dois meses do ano de 1993,
pouco tempo depois de sua experiência na condução da Secretaria de
Educação de São Paulo.