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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT2: MULHERES NEGRAS RESISTEM: ANÁLISES SOBRE PROTAGONISMOS FEMININOS E NEGROS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
culares, fazendo um intercâmbio entre os discursos
de comportamentos e as sobrevivências encon-
tradas. Com uma metodologia de trazer persona-
gens que se encontram como rés nos processos
criminais (além de outras fontes) busquei trazer in-
dícios de autonomia feminina, mostrando opções
de vida que iam muito além do que os discursos às
reservavam, geralmente focando suas atividades
apenas para o lar e a família.
Tendo em vista essas considerações e vi-
sando mostrar a mulher negra como personagem
principal de sua própria história, com suas conquis-
tas, perdas e percalços próprios, e não apenas
como uma coadjuvante, como a escrita histórica
as representava, utilizo o processo de Anna Fausta
Marçal, negra, presa em 1899 sob a acusação de
lenocínio. Fausta, a partir de sua fala e de seu ad-
vogado trás diferentes estratégias para se distan-
ciar do crime, as quais trazem aproximações com
os discursos de conduta feminina, como também
uma espécie de contra-discurso, onde admitia,
sem restrições, estar envolvida com a prostituição
(ofício imoral, mas não ilegal na época), trazendo
um processo rico para compreendermos estraté-
gias e representações. Apesar de ter sido penali-
zada pela justiça da época, seu protagonismo era
público aos habitantes da grande Porto Alegre
devido a seu estabelecimento na Rua General Pa-
ranhos número 42, o bordel “A Flor da Mocidade”.
Esse processo se torna importante por trazer desde
a capa a
cor
de Fausta “preta”. No período ana-
lisado temos um silêncio sobre a
cor
na maioria
das fontes, se tornado, portanto, um diferencial ao
qual conseguimos extrair algumas hipóteses sobre
sua representação, como: forma de hierarquizar
as pessoas, nesse caso pejorativamente, mas tam-
bém a partir de gênero e ofício: a prostituição.