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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT2:
MULHERES NEGRAS RESISTEM: ANÁLISES SOBRE PROTAGONISMOS FEMININOS E NEGROS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
A (IN)JUSTIÇA NO CORPO E NA ALMA:
MULHERES NEGRAS EM LUTA CONTRA
O (ESTADO DO) SOFRIMENTO SOCIAL
NO BRASIL CONTEMPORÂNEO
Alexandre Peres de Lima
(Universidade Federal do Rio
Grande do Sul - Doutorado Programa de Pós-
Graduação em Antropologia Social)
A violência letal pela qual passa a juventu-
de negra do Brasil contemporâneo não termina
nas mortes. Há uma série de consequências so-
ciopolíticas destes acontecimentos. Uma delas é
a emergência de esferas públicas de denúncias
destas mortes liderado por mulheres negras peri-
féricas (mães e parentes destes jovens). A princi-
pal denúncia destas mulheres é a ausência de
respostas do Estado brasileiro, e em especial do
judiciário, sobre essas mortes. A ausência de res-
postas é, segundo as mães, um dos principais fa-
tores de doenças relacionadas às patologias biofí-
sicas e psíquicas “
pós-traumáticas
”. Portanto, não
é forçoso dizer que estas são noções de (in)justiça
expressas e sentidas no corpo e na alma. O sofri-
mento ganha nessa discursividade um caráter si-
multaneamente político, moral e corpóreo.
O objetivo deste trabalho é analisar através
de fontes diversas escritas e da etnografia, a di-
nâmica na qual as mulheres negras protagonizam
uma esfera pública denúncia, em torno de dis-
cursos políticos na gramática do sofrimento, e da
gramática política emergente deste discurso. Um
dos pontos recai neste tema do sofrimento gera-
do pela ausência que é a
justiça
: as mães negras