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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT1: DINÂMICAS DE GÊNERO E ESTUDOS FEMINISTAS EM CONTEXTOS AFRICANOS E AFRO-BRASILEIROS
lheres negras e brancas apresentam informações
de 2009 que mostram que as negras estavam em
metade entre as mulheres que acessam o ensino
superior. Embora a distância não seja tão grande,
as mulheres negras com ensino médio também
estão bastante aquém em relação às brancas
(LIMA, RIOS, FRANÇA, 2013).
Outra pesquisa relevante diz respeito à taxa
de gravidez precoce no Brasil. Segundo a UNICEF
(2011) a evasão escolar de meninas pobres, e com
maior incidência entre as negras, se relaciona com
as altas taxas de gravidez na adolescência como
resultado de uma
“trajetória de exclusão”
e de im-
posição sócio-cultural sobre as mesmas para que
tomem a frente de responsabilidades com o cui-
dado da casa e dos irmãos mais novos. Em 2009
enquanto 3,9% das adolescentes brancas entre 15
e 17 anos já eram mães, subia para 6,1% esse per-
centual entre as adolescentes negras. Estas pes-
quisas também mostram que a gravidez precoce
pode ser uma
“busca distorcida por autonomia,
autoridade, reconhecimento social por parte das
próprias famílias e de seus amigos e colegas”
. Tam-
bém são as meninas negras as maiores vítimas de
exploração sexual. Em 2013 as meninas com clas-
sificação racial preta ou parda foram as principais
vítimas de estupro, exploração sexual ou violência
sexual (GOES, 2015).
Estas estatísticas e estudos mostram o abis-
mo que há entre as perspectivas de mundo e
futuro de mulheres negras e brancas, porque se-
gregadas desde o ventre. Contudo, são poucos
e recentes os estudos que apontam este cenário
no que diz respeito ao acesso às oportunidades
de trabalho e educação, à qualidade de atendi-
mento nos sistemas de saúde e à representação