506
VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT7: DIREITOS HUMANOS E DESIGUALDADES SOCIAIS
vida de sujeitas passíveis de direitos sociais não se
traduz na operacionalização de seu acesso a tais
direitos, percebe-se o desafio de se saber “inter-
seccional” em sociedades epistemologicamente
binárias. Em termos de metodologia, este projeto
divide-se em dois momentos distintos. Um primeiro
que chamei de “exercício etnográfico” no âmbito
de um órgão gestor da Assistência Social em um
município do Rio Grande do Sul, mais especifica-
mente em uma coordenadoria de Planejamento
e Gestão. A partir de uma inserção enquanto esta-
giária de Ciências Sociais, com uma corporalida-
de confrontante a do estereótipo da ascendência
alemã deste município, ousei etnografar as formas
pelas quais os processos de dinamização do Siste-
ma Único de Assistência Social acontece. O segun-
do é de revisão de literatura em paralelo à análise
dos documentos referentes às duas políticas públi-
cas que são foco deste trabalho e se inicia quan-
do ingresso como bolsista de iniciação científica
sobre saúde mental da população negra, durante
a aplicação de questionários a usuários/as do Sis-
tema Único de Saúde na capital do Rio Grande
do Sul. Este esboço se origina de uma ousadia de
pesquisadora iniciante, observando suas primeiras
experiências de campo, na área da Saúde Mental
e da Assistência Social. Até o presente momento,
identificou-se que a suposta “democracia racial”
brasileira se coloca como argumento propagado
para ignorar iniquidades e produzir silenciamentos
acerca das multiplicidades que compõem o pú-
blico-alvo das políticas públicas aqui estudadas.
Imergindo no entendimento histórico da Política
Nacional de Saúde Integral da População Negra,
percebe-se que o conceitode interseccionalidade
permitiu a construção de importantes argumentos