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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT2: MULHERES NEGRAS RESISTEM: ANÁLISES SOBRE PROTAGONISMOS FEMININOS E NEGROS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
africana ligadas ao movimento negro da cidade.
Foca-se na hegemonia feminina e feminista, arti-
culando segmento de classe, raça e gênero nos
processos associativos de resistência do povo ne-
gro numa sociedade caracterizada pelo racismo
estrutural. Mulheres negras que articulam suas prá-
ticas políticas, culturais e religiosas nos possibilitan-
do estabelecer um diálogo com as pensadoras
brasileira do feminismo negro, bem com o deba-
te pós-colonial e decolonial. Teorias que levam a
pensar nas particularidades da composição da
sociedade brasileira, como nos coloca Lélia Gon-
zales (1984) ao denunciar as particularidades das
mulheres negras ao serem atingidas triplamente
pelas consequências do capitalismo, machismo e
racismo. Ou mesmo pelo fato de que as mulheres
negras compartilhamexperiências similares devido
as consequências sócio históricas do Brasil, como
nos coloca Dijamila Ribeiro (2017) em seu livro “O
que é lugar de fala?”. Essa relação entre raça e
classe é percebida nas contribuições de Beatriz
Nascimento (1976) ao tentar entender a inserção
do negro no mercado de trabalho, podendo ser
dialogada com as trajetórias das lideranças Pelo-
tense observadas nesses trabalhos revisitados. Por
fim aponta-se para a necessidade de ater-se as es-
pecificidades dessas múltiplas opressões que atin-
gem as mulheres negras na sociedade brasileira,
nos forçando a ampliar as formas de percepção
das organizações e lutas negras, que nem sempre
evidenciam o protagonismo das mulheres negras,
como observado na realidade pelotense. Assim
podemos dizer que a cidade de Pelotas, que no
período imperial recebeu o título de “Princesa do
Sul” devido a sua grandiosa riqueza oriunda da ex-
ploração do trabalho escravo de negras e negros,