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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT2:
MULHERES NEGRAS RESISTEM: ANÁLISES SOBRE PROTAGONISMOS FEMININOS E NEGROS NO CONTEXTO LATINO-AMERICANO
MULHERES NEGRAS RESISTEM:
RELATO DE UMA EXPERIÊNCIA DE
PROTAGONISMO FEMININO E NEGRO
Vera Rodrigues
(Antropóloga, Professora e Pesquisadora
na Unilab – Universidade da Integração
internacional da Lusofonia Afro-brasileira).
Em março do corrente ano, a ativista, inte-
lectual e parlamentar Marielle Franco foi executa-
da no Rio de Janeiro. O seu assassinato evocou
debates e embates, no campo teórico e político,
sobre as opressões e repressões que exterminam
vidas negras no país. Esse extermínio teve como
alvo uma mulher negra, cuja trajetória de vida se
entrelaça à vida de outras mulheres negras, tam-
bém moradoras de periferia; responsáveis por seus
lares e ativistas em projetos sociais. Esse perfil de
mulheres negras pode nos dizer algo sobre o exer-
cício de um protagonismo feminino e negro na so-
ciedade. Como existir? Resistir? Ser autora de sua
“escrivivência”? Foi pensando nessas questões e
nas possíveis “sementes” deixadas por Marielle que
em maio emergiu no nordeste brasileiro, o proje-
to “Mulheres Negras Resistem: processo formativo
teórico-político para mulheres negras”. O projeto
objetiva fomentar o protagonismo feminino e ne-
gro, por meio da formação de quadros de repre-
sentação social e política. Tal representação visa
atingir espaços públicos e privados de produção
de conhecimento, elaboração e execução de
políticas públicas, bem como cargos eletivos no
poder público. Desde então vem se desenvolven-
do uma experiência de formação teórica-política
de, para e com mulheres negras. Tal experiência