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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:
GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA
SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018
GT6: POLÍTICAS PÚBLICAS, MOVIMENTOS SOCIAIS E DEMOCRACIA: LUTAS, AVANÇOS E RETROCESSOS
preender o efeito da burocracia sobre o cuidado
implementado. O estudo de bases qualitativas
contou com observação participante e entrevis-
tas semiestruturadas para entender como agem
estes burocratas.
Os dados coletados foram levantados por
meio de observação participante realizada em 14
equipes de ESF do município de Santa Maria e em
visitas domiciliares realizadas junto ao trabalho de
uma ACS de cada equipe, possibilitando conhe-
cer os territórios e as ações dos profissionais, em
termos sanitários, ambientais, políticos e sociais. O
acompanhamento com a agente de saúde nas
visitas domiciliares permitiu um diálogo com estas
burocratas, onde explicaram como organizam
suas visitas, o contexto do seu território de traba-
lho, suas principais atividades, como se relacionam
com os usuários e as dificuldades encontradas em
sua atuação. Pensando em aprofundar o olhar
sobre o trabalho das ACS foram realizadas quatro
entrevistas semiestruturadas, com agentes de saú-
de que atuam na mesma ESF desde sua criação.
O trabalho das e dos Agentes Comunitários
de Saúde, as e os burocratas que implementam
esta política pública consiste em caminhar, ir e vir
pela comunidade, levando informações, orienta-
ções, controle e cuidado às famílias assistidas pela
ESF. Esta prática é definida por Lancetti (2011) pela
expressão terapia peripatética por se tratar de um
trabalho realizado em movimento, que deriva do
termo peripatético, palavra grega para ‘ambu-
lante’ ou ‘itinerante’, utilizado pela escola filosó-
fica de Aristóteles (384-322 a.C.) para designar a
forma com que o conhecimento era construído,
no passear, ir e vir conversando. Quando Lancetti
estende esta definição ao trabalho realizado pe-