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VI SIMPÓSIO INTERNACIONAL DESIGUALDADES, DIREITOS E POLÍTICAS PÚBLICAS:

GÊNERO, INTERSECCIONALIDADES E JUSTIÇA

SÃO LEOPOLDO-RS – UNISINOS, 27 A 29 DE NOVEMBRO DE 2018

GT4: DIREITOS SEXUAIS E DIREITOS REPRODUTIVOS

tade” da médica em lhe explicar sobre como seria

o parto vaginal, ou seja, a obstetra até queria um

parto normal, mas nos seus termos e nos seus mo-

dos. Refletindo sobre esta questão e, principalmen-

te, sobre a força do discurso médico e científico,

compreendemos que ao não informar as mulheres

sobre os tipos de parto e a opinar sobre qual forma

de nascimento o profissional prefere, este acaba

influenciando diretamente a decisão das mulhe-

res, as quais, inseguras e fragilizadas, irão seguir os

comportamentos que o profissional acredita ser o

melhor. Ou, como no caso de Simone, não os com-

portamentos e ações que ela considerava melho-

res, mas aqueles considerados como os que mais

lhe protegeriam de intervenções desnecessárias e

indesejadas. Inicia-se, nesse contexto, um jogo de

poderes, uma relação desigual, onde sempre amu-

lher representa o lado mais fragilizado, tendendo a

acatar o que a lógica biomédica determina. Entre

enfrentar o poder biomédico e resignar-se frente às

resistências apresentadas a ela,

Simone

caminhou

em direção a segunda opção. Aceitou, foi induzi-

da, resignou-se, mas em nenhum momento esco-

lheu. O parto não seria dela. Não haviam opções,

não haviam escolhas. No fim de sua trajetória, Si-

mone precisou aprender a viver com o luto pelo

parto que não teve oportunidade de escolher: “

É

triste porque não era o que eu queria, né!(...) Não é

o meu parto, é o parto dela.

”   

Palavras-chave:

Parto; Nascimento; Saúde da

Mulher; Escolhas; Poder biomédico

REFERÊNCIAS

GEERTZ, C.

A interpretação das culturas

. 1. ed. Rio

de Janeiro: LTC, 2008.