Candomblé

Série Cartilhas Pedagógicas - vol. 2 Candomblé Camila de Souza Gouveia Gisele Kliemann Casa Leiria

Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida Universidade Federal do Paraná Área de Ação: Amazônia e Povos Tradicionais / Diálogo Inter-religioso / educação para as relações Étnico-raciais. Universidade Federal do Paraná - UFPR Reitor: Ricardo Marcelo Fonseca Vice-reitora: Graciela Inês Bolzón de Muniz Setor Litoral Diretora: Elisiane Tiepolo Vice-diretor: Lourival de Moraes Fidelis Curso de Licenciatura em Artes Coordenadora: Débora Regina Opolski Vice-coordenadora: Giselly Brasil Programa de Extensão Núcleo de Arte e Educação Coordenação: Gisele Kliemann e Giselly Brasil GILDA - Grupo Interdisciplinar em Linguagem, Diferença e Subjetivação CNPQ - Linha de Pesquisa - Linguagem, Diferença e Práticas Educacionais Província dos Jesuítas do Brasil Pe. Provincial Mieczyslaw Smyda, S. J. Secretário para Promoção da Justiça Socioambiental da Província dos Jesuítas do Brasil e Diretor do OLMA Pe. José Ivo Follmann, S. J. Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida – OLMA Diretor: Pe. José Ivo Follmann, S. J. Secretário Executivo: Dr. Luiz Felipe B. Lacerda Centro Cultural de Brasília – CCB Diretor do CCB e Superior do Núcleo Apostólico Brasília: Pe. Antonio Tabosa Gomes, S. J. www.olma.org.br

Camila de Souza Gouveia Gisele Kliemann Casa Leiria São Leopoldo - RS 2021 Candomblé Série Cartilhas Pedagógicas – vol. 2

Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida Universidade Federal do Paraná É proibida a reprodução total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio, sem a permissão escrita do Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida, da Universidade Federal do Paraná e dos coordenadores do Projeto. Design e diagramação: Gisele Kliemann Criação e concepção: Camila Gouveia Gisele Kliemann Ilustrações: Orixás - Camila Gouveia Simbologia - Nicole Elis Porto Fotografia: Carla Ruschmann Luiz Eduardo Geara Colaboração: Suellen Regina Inouhe Edição e publicação: Casa Leiria © Direitos reservados Observatório Nacional de Justiça Socioambiental Luciano Mendes de Almeida - OLMA e Universidade Federal do Paraná - UFPR Ficha catalográfica Bibliotecária: Carla Inês Costa dos Santos – CRB: 10/973

SUMÁRIO 6 SOBRE AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS 8 CANDOMBLÉ 9 OS ORIXÁS 11 O TERREIRO 12 O JOGO DE BÚZIOS (MERINDILOGUN) E OS EBÓS 13 A INICIAÇÃO E O APRENDIZADO 15 OFERENDAS 16 AS ERVAS 17 SÍMBOLOS DOS ORIXÁS 20 FESTIVIDADES 21 A DANÇA 22 A MÚSICA 23 ENCERRAMENTO 41 PALAVRAS CRUZADAS DO CANDOMBLÉ 42 LABIRINTO DOS ELEMENTOS 43 REFERÊNCIAS

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 6 SOBRE AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS O que chamamos de “religiões de matriz africana”, ou “afro- -brasileiras”, são cultos criados em território brasileiro por escravos africanos. Como cultos, desenvolveram-se na escuridão das senzalas, nos mocambos e nos quilombos, e com o tempo, foram se misturando à cultura dos brancos cristãos, dos mulatos, dos índios, dos cafuzos (descendentes de negros e índios) e até dos africanos de cultura muçulmana que também foram escravizados, acabando por constituir parte do legado cultural do povo brasileiro. Originárias da fusão entre as diversas crenças religiosas dos povos africanos, como meio de expressar sua fé e preservar sua cultura, idiomas e tradições, são conhecidas como: Candomblé, Umbanda, Xambá, Batuque, Omolokô, Tambor de Mina, Cabula, entre outros, com características diferentes dependendo da região brasileira em que se instalou seu povo de origem.

CANDOMBLÉ 7 Apesar da riqueza artística e cultural, do respeito à natureza e a todas as formas de energia, cultuadas nas religiões de matriz africana, elas vêm sendo demonizadas e desrespeitadas ao longo do tempo. O desconhecimento e marginalização, derivados do histórico processo de escravidão no Brasil, acabaram por proibir e condenar os cultos religiosos de matriz africana e suas práticas, causando discriminação, desrespeito, racismo e intolerância. Com o objetivo de informar, desmistificar e construir conhecimento, apresentamos o Candomblé, seus Orixás e informações básicas sobre essa religião. Nosso intuito é que, a partir daqui, o leitor perceba diferentemente a cultura religiosa de matriz africana, esperando que mais e mais pessoas ajudem a erradicar o preconceito, a discriminação e o desrespeito. Todas as informações aqui expostas provêm da experiência religiosa, conhecimento empírico e registros escritos sobre o tema indicados na bibliografia. Milah Gouveia e Gisele Kliemann

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 8 CANDOMBLÉ O Candomblé é uma religião brasileira de matriz africana. Foi criado no Brasil com adaptações e adequações dos rituais praticados na África, porém utilizando-se das condições e elementos disponíveis no contexto brasileiro. É codificado e dividido pelo nome de nações: Ketu, Gêge, Angola e Efon e suas derivações. Basicamente, as nações de Candomblé cultuam divindades africanas, sendo algumas delas: Orixás, Voduns, Inkices. É necessário um maior aprofundamento na religião para compreender a diferença entre as divindades. Popularmente, todas as divindades são chamadas de Orixás ou “santos”, costume proveniente do sincretismo religioso, que cria as expressões como “pai de santo”, “mãe de santo”, “filho de santo”, entre outras. No Candomblé, o Deus supremo é chamado de Olorun, Nzambi ou Olodumare. Representa o todo, é a natureza completa, que se divide em diversas divindades, responsáveis pelas diferentes energias da natureza.

CANDOMBLÉ 9 OS ORIXÁS ORIXÁ = termo do dialeto africano nagô/yorubá, que vem da junção da palavra ori = cabeça e da palavra axé = força, também pode ser traduzido como “Poder da Cabeça”. O Orixá é, então, a “força da cabeça”, de cada pessoa. É uma percepção humanizada da energia pura da natureza se fazendo presente na vida de cada ser humano. Para o Candomblé, todo Orixá é visto como uma divindade, um ser superior, que viveu entre os seres humanos, na maioria dos casos, como reis e rainhas, com poderes mágicos que os diferenciavam dos outros, louvados e adorados com reverências e sacrifícios, sendo, portanto, considerados ancestrais divinizados após sua morte. Cada adepto do Candomblé possui a proteção de um determinado grupo de Orixás. O Orixá de maior expressão na regência da vida da pessoa é chamado carinhosamente de Pai ou Mãe. O Merindilogun - Jogo de Búzios - é o oráculo responsável por definir os Orixás de cada pessoa. Este oráculo é exclusivo para sacerdotes e sacerdotisas de Candomblé. Os Orixás são guardiões das forças e energias da natureza. São enviados por Olorum para a preservarem e protegerem. A conscientização ambiental é um dos principais dogmas do Candomblé.

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 10 Cada Orixá possui características próprias, elementos, domínios e cores, bem como dias específicos de culto, que conferem a ele sua singularidade. Cada um é guardião de uma parte específica da natureza e suas manifestações – florestas, pedreiras, rios, mares, campinas, tempestades, chuvas, pôr do sol, fases da lua. No Candomblé, essas divindades se personificam em forma humana e se manifestam nos corpos de seus adeptos, onde são recebidas com indumentárias específicas, celebradas com sacrifícios e oferendas diversas e se expressam em festividade, através de danças e cantos. VOCÊ SABIA? Que várias palavras do vocabulário brasileiro derivam da cultura do Candomblé? EXEMPLOS: Babá, bagunça, bugiganga, cachaça, cafuné, dengo, fofoca etc. CITE PALAVRAS QUE VOCÊ SABE QUE SÃO USADAS EM NOSSO VOCABULÁRIO E POSSUEM ORIGEM NA LINGUAGEM YORUBÁ: ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________ ____________________________________________________________________________________

CANDOMBLÉ 11 O TERREIRO Os templos de Candomblé possuem várias denominações - Terreiro, Ilê, Roça, Abassá, Casa de Axé. Possuem um salão principal, chamado de “barracão” e os “quartos de santo”, onde são guardadas as representações litúrgicas e objetos de devoção. Cada terreiro se constitui como uma família, formada pelos membros, identificados como pais, mães, filhos, com respeito hierárquico como fundamento principal, tratamento de reverência e respeito pela idade e tempo de religião de cada um, e à ancestralidade e antepassados. A ramificação religiosa se dá através das “Casas Matrizes”, as mais antigas casas de Candomblé, chamadas “Raiz”, que em sua maioria se encontram na Bahia. Dessas casas são provenientes os sacerdotes e sacerdotisas que disseminaram a religião por todo o Brasil, abrindo novas casas e dando continuidade à religião. O Terreiro é o espaço de aprendizado e convivência. É onde os praticantes aprendem a valorizar o saber religioso, a mitologia, a conhecer e respeitar os ritos sagrados. Seus rituais internos são chamados de “funções” e não são abertos ao público. Esses conhecimentos são hierarquicamente disseminados pelo Babalorixá (pai de santo) ou pela Yalorixá (mãe de santo).

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 12 O JOGO DE BÚZIOS (MERINDILOGUN) E OS EBÓS Uma das orientações mais comuns do jogo de búzios é o Ebó. O Ebó é um ritual que pode ser realizado para qualquer pessoa, conforme sua necessidade - saúde, financeiro, profissional. É composto por diversos itens que se alteram conforme a finalidade, mas, na maior parte, são realizados com o uso de alimentos específicos. Todas as determinações, desígnios e orientações do Candomblé passam pelo Jogo de Búzios. É através deste oráculo que os sacerdotes e sacerdotisas se comunicam com os Orixás, para definir ações, rituais, procedimentos. É, portanto, o primeiro acesso ao Candomblé, sua porta de entrada. Também é a forma de atendimento a quem busca ajuda para seus assuntos ou problemas pessoais, mesmo sem a intenção de se tornar adepto, pois através dos búzios é dada a orientação espiritual. A pessoa que é atendida no Candomblé é chamada de “Consulente”.

CANDOMBLÉ 13 A INICIAÇÃO E O APRENDIZADO O Candomblé é uma religião iniciática. Aquele que deseja fazer parte deve passar por rituais específicos, presenciar e participar de algumas atividades, para conhecer, se acostumar com a religião, sua filosofia e seus costumes, até que se defina sua iniciação. O aprendizado no Candomblé se dá exclusivamente pela vivência, participação em seus rituais, e pelos ensinamentos passados pelos mais velhos. A iniciação é chamada de “Feitura” e é um rito de passagem, mais como um renascimento, no qual o iniciado estabelece uma relação direta com o seu Orixá. A partir dela, o adepto passa a receber o transe com a energia do seu Orixá, o que é chamado popularmente de “virar no santo”. O iniciado é chamado de Yawô, ou Muzenza, dependendo da nação. Este termo significa “esposa do orixá” ou ainda “portador do segredo”.

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 14 A “feitura” exige renovação e fortalecimento da conexão com o Orixá de tempos em tempos, o que é chamado de “obrigação”. As obrigações ocorrem ao completar um ano, novamente com três anos, encerrando o ciclo aos sete anos, que representa a “maioridade”. Na maioridade, a pessoa passa a ser chamada de Egbomy - irmã (o) mais velha (o), caso esteja previsto em seu destino ou se apresente capacitado para este fim, recebe seus direitos do sacerdócio e, neste caso, se torna Babalorixá ou Yálorixá. Estas denominações são as mais populares, porém o sacerdócio tem outras denominações além destas. Nos rituais internos do Candomblé, os adeptos possuem funções predefinidas, chamadas de cargos. Dentre os cargos de maior importância, encontram–se os Ogans (masculino) e as Ekedjys (feminino), adeptos que não passam pelo transe, mas desempenham diversas funções essenciais para o funcionamento da liturgia. VOCÊ SABIA? Que na iniciação de Candomblé é raspada a cabeça do iniciado? É chamado de “Katula” e simboliza o nascimento, o recomeço da vida. O cabelo representa a força e é a única parte do corpo que continua crescendo mesmo após a morte! Raspar o cabelo representa o maior sacrifício do candomblecista ao oferecê-lo ao seu Orixá.

CANDOMBLÉ 15 OFERENDAS Toda oferenda é considerada oferta de energia para ser revertida em benefício de quem a oferta. A cozinha do terreiro é um dos espaços mais sagrados do candomblé e todas as oferendas remontam à tradição alimentar trazida dos tempos de escravidão. Os alimentos, para os Orixás, eram o que os ancestrais e antepassados tinham acesso e permanecem como tradição do Candomblé até os dias atuais. Dentre eles, destacam-se o sacrifício de animais, e o preparo de algumas de suas carnes, além de grãos e frutas. Flores e velas também fazem parte das oferendas. VOCÊ SABIA? Que, apesar da discriminação e do preconceito, os animais sacrificados no Candomblé são inteiramente aproveitados? Cada animal é consagrado com máximo respeito: o sangue é oferecido em forma de energia vital para fortalecer os adeptos espiritualmente; o couro é utilizado nos atabaques, enquanto as penas são aproveitadas em indumentárias; a carne serve de alimento a todos os membros da comunidade.

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 16 AS ERVAS Um provérbio original do Candomblé é: “Kosi Ewè, Kosi Orixá”, que significa “Quem não entende as Ervas, não entende Orixá”. As ervas são de suma importância no candomblé e são utilizadas em todos os rituais, em forma de banhos, chás, fundamentos, oferendas, decoração. Cada folha possui propriedades únicas e cada Orixá possui suas plantas e folhas específicas. Com as ervas, os candomblecistas preparam banhos, defumações, chás para diversas finalidades, como calmantes, atrativos de toda espécie, e tratamento de doenças, agindo em todas as áreas, como por exemplo: saúde, amor, dinheiro, melhora emocional, psicológica. VOCÊ SABIA? Que muito antes dos tratamentos fitoterápicos e homeopáticos, os adeptos do Candomblé já possuíam conhecimento sobre o uso de cada erva? Existe uma reza específica para despertar o poder de cada erva chamada de “Sassanha”.

CANDOMBLÉ 17 SÍMBOLOS DOS ORIXÁS Cada Orixá possui um (ou mais de um) símbolo ou ferramenta de poder. Estes símbolos podem ser de metais diversos, de palha e de sementes, enfeitadas com búzios e miçangas. EXU ”Ogó”: símbolo da fertilidade e virilidade. Representação do falo masculino. OGUM “Aladà”: símbolo de poder e vitória nas guerras. Representação de facão forjado em ferro. OSSÃE “Avivi”: símbolo da fauna e flora. Representação de haste com várias pontas e pássaro pousado sobre a lança central. ODÉ “Ofá”: símbolo da caça e da pesca Representação de arco e flecha. “Arokerê”: símbolo de nobreza. Representação de chicote de rabo de cavalo. OBALUAIÊ “Xaxará”: símbolo da espiritualidade e ancestralidade. Representação de feixe de nervuras de palmeira com búzios e sementes. Tem finalidade de eliminar energias negativas.

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 18 OXUMARÊ “Dan”: símbolo do conhecimento infinito. Representação de cobra furta cor. NANÃ “Ibirí”: símbolo da sabedoria anciã. Representação de cetro de palha da costa ornado com búzios e sementes representando a ligação entre a vida e a morte. IROKO “Àkábà”: símbolo da ascenção e evolução espiritual. Representação de grelha ou escada que conduz ao Orun (céu). XANGÔ “Oxê”: símbolo da justiça. Representação de machado de duas lâminas. YANSÃ “Eruexim”: símbolo do poder sobre as almas. Representação de chicote de couro com rabo de búfalo. OBÁ “Abò”: símbolo da fidelidade e resiliência. Representação de escudo de cobre

CANDOMBLÉ 19 YEWÁ “Igbá àdó kalabá”: símbolo da feminilidade e virgindade. Representação de cabaça com tiras de ráfia. OXUM “Abebè”: símbolo da beleza e da riqueza. Representação de espelho de ouro. LOGUN-EDÉ “Iwọn ipele”: símbolo do equilíbrio. Representação de balança de ouro. YEMANJÁ “Abebè”: símbolo do amor materno. Representação de espelho prateado com finalidade de afastar os inimigos dos seus filhos. OXAGUIAN “Owó odó”: símbolo da realeza e da alimentação. Representação de mão de pilão de prata. OXALUFÃ “Opaxorò”: símbolo da ligação entre os mundos. Representação de cajado com três pratos, simbolizando as três dimensões.

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 20 FESTIVIDADES Cada ritual no Candomblé é celebrado em uma festividade pública, que se assemelha a uma apresentação artística, chamada de Xirê ou Kizomba. A apresentação acontece no salão principal do terreiro, para a qual são convidados sacerdotes e membros de outras casas de axé, comunidade local, simpatizantes, familiares dos membros, que em sua maioria participam como espectadores. Nessa festividade, ao som dos atabaques, os membros dançam em roda, organizados numa fila iniciada pelo sacerdote ou sacerdotisa, seguindo por ordem de tempo de religião ou função de cada membro, do mais velho até o mais novo, encontrando o mais velho com o mais novo quando se fecha o círculo, simbolizando a humildade e a equidade do Candomblé. Nesta roda, todos dançam juntos em louvor aos Orixás, havendo uma sequência de cantigas de reverência para cada Orixá. A roda gira em sentido anti-horário, simbolizando o retorno à Mãe África, um retorno aos seus ancestrais. São realizados cantos e danças em sua maior parte cantados em língua africana (yorubá, nagô, bantu) e, em momentos específicos da festividade, os Orixás se manifestam através do transe em seus adeptos.

CANDOMBLÉ 21 A DANÇA As divindades manifestadas são levadas ao chamado Roncó (quarto de obrigações), onde são vestidas, paramentadas e ornamentadas com suas indumentárias, adornos e objetos específicos, e retornam ao salão para confraternizar por meio de suas danças. A dança representativa realizada pelos Orixás é chamada de Run . Nestas danças cada Orixá representa seus atributos. Todo Orixá em transe dança a maior parte do tempo de olhos fechados. Esta tradição simboliza a confiança entre o adepto e seu Orixá. Sempre que um Orixá dança, é acompanhado por uma Ekedjy, que fica responsável por dar direção com seu Adjá (espécie de sino ou chocalho, instrumento de poder dentro do Candomblé, usado também para invocação das divindades).

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 22 A MÚSICA Os instrumentos musicais utilizados no Candomblé são os atabaques e o agogô. Toda musicalidade do candomblé é baseada na percussão. Os atabaques são sempre na ordem de três, do maior para o menor, cujos nomes são Run, Runpi, Lé. O conjunto dos atabaques que forma a orquestra do candomblé é chamado de Ilú ou Ingoma. O Agogô usado no Candomblé é de uma boca e também é chamado de Gan. Os responsáveis pela percussão e canto nas liturgias e festividades são os Ogans. São diversos os tipos de toques e danças para os Orixás, onde percussão, música e dança recebem a mesma denominação e, para cada tipo de toque dos atabaques, existe uma coreografia específica, como por exemplo: Aguerê, Bravun, Ijexá, Muzenza, entre outros. O Canto é realizado no esquema de pergunta e resposta, onde os Ogans “puxam” uma estrofe e em seguida todos repetem ou cantam uma segunda estrofe como resposta.

CANDOMBLÉ 23 ENCERRAMENTO Após a dança, os Orixás que se manifestaram se despedem e são levados de volta ao Roncó onde os adeptos são despertados do transe. Retoma-se o Xirê onde todos dançam juntos para Oxalá. Finaliza-se o ritual cantando e dançando da mesma forma que no início, simbolizando que o terreiro permanece aberto para todos, independente de festividade. Quando a festividade é comemorativa de algum dos membros, após a finalização do Xirê, o mesmo é trazido ao público para cumprimentos da família e amigos. A festividade é encerrada com um jantar de confraternização em que todos os presentes irão comungar do alimento oferecido. Muitas são as divindades cultuadas no Candomblé; no entanto, os Orixás, cujo culto é mais expressivo, são dezessete, com derivações e formas diferenciadas de culto de casa para casa, sendo eles: Exu, Ogum, Ossãe, Odé, Obaluaiê, Nanã, Oxumarê, Xangô, Oyá, Obá, Yewá, Oxum, Logun-Edé, Yemanjá, Iroko, Oxalá (que se subdivide em Oxalufã e Oxaguian). Vamos conhecê-los?

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 24 EXU (ESÙ / NPAMBO NGILA / LEGBÁ / BARA / LEGBARAVODUN) Exu significa “esfera”. Ele é o protetor da esfera terrestre. É o Orixá da comunicação, guardião de todas as coisas humanas, dos sentimentos e emoções. É o mais humano dos Orixás, senhor do princípio e da transformação. No Candomblé, Exu é o primeiro a ser cultuado, é o mensageiro entre os humanos e os Orixás. Está ligado à fecundidade, sexualidade, virilidade, humanidade e seus elementos são a terra e o fogo. Um dos maiores equívocos relacionados com Exu é a associação à figura do diabo cristão; porém, no Candomblé não existe essa crença, não existe diabo ou demônio. Laroié!

CANDOMBLÉ 25 OGUM (ÒGÚN / ROXI MOKUMBE / INKOSSI) Ogum é o Orixá das lutas, batalhas e guerras reais ou simbólicas, que ocorrem ao redor do mundo e no dia a dia de cada ser humano. Ogum é a força criativa do ser humano, é a necessidade do trabalho, da descoberta, e é a potência da conquista. Ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço, é o pai da metalurgia e da tecnologia, protetor de todos os seres que trabalham com metal ou ferro. Sendo assim, está ligado à guerra, progresso, conquista. Temível guerreiro, Ogum conquistou respeito por ser estratégico e devastador. Tem como elementos a terra (florestas e estradas) e o fogo. Ògún ieé!!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 26 OSSÃE (ÒSANYÌN / OSSAIM / OSSANHA / AGUÉ / KATENDE) Ossãe é o Senhor das Folhas e Plantas. É o responsável por cada erva e é ele quem designa as ervas específicas de cada Orixá. Cada Orixá possui suas próprias folhas, mas só Ossãe conhece os seus segredos, só ele sabe as palavras (ofó) que despertam o seu poder, a sua força. Ossãe desempenha uma função fundamental no Candomblé, visto que, sem a sua presença, nenhuma cerimônia pode realizar-se, pois ele detém o axé que desperta o poder do “sangue” verde das folhas. Está ligado à medicina e à liturgia através das folhas, e seus elementos são a floresta e as plantas selvagens. Ewé ó! Ewassá!

CANDOMBLÉ 27 OXÓSSI (ODÉ / OSÓÒSÍ / KABILA) Oxóssi é o Deus Caçador, Senhor da Floresta e de todos os seres que nela habitam; Orixá da fartura e da riqueza. Ele cumpre um papel civilizador importante, pois, como caçador, representa a busca do homem por mecanismos que lhe possibilitem sobressair-se e impor a sua marca no mundo desconhecido. A colheita e a caça são formas primitivas de busca de alimento, representação da essência da existência humana: a luta pela sobrevivência. Oxóssi representa o domínio da cultura sobre a natureza. Está relacionado à caça, agricultura, alimentação e fartura e seus elementos são a terra (florestas e campos cultiváveis) e o ar (liberdade). Òké Aro!!! Arolé!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 28 OBALUAIÊ - OMOLU (OBÀLUÁYÊ / OMOLU / OLUAYÊ / SAKPATA / XAPANÃ / KAVIUNGO) As palavras Obaluaiê e Omolu significam, respectivamente, “Senhor da vida na Terra” e “Senhor da Luz”. Omolu é o grande “Rei Sol”, o responsável por toda a vida no planeta. É a própria personificação da terra, tanto a que pisamos quanto o planeta em si. Omolu é considerado também o “Senhor da Cura e da Doença”, o médico dos pobres, pois muito antes da ciência, era a ele que se recorria para a cura das enfermidades do corpo e da alma. Tem como domínios as doenças e a cura, a saúde, a vida e a morte. Seus elementos são a terra e o fogo do interior da terra. Atotoò!!!

CANDOMBLÉ 29 OXUMARÊ (ÒSÙMÀRÈ / DAN / ANGOLO / NKISI HONGOLO / NKISI ANGOROMÉIA / BESSÉM) Oxumarê é o Orixá do movimento, do ciclo, do infinito, da transmutação. Representa o movimento da Terra, dos astros, a transformação do dia em noite, as estações do ano, a continuidade, as questões que permeiam o material e o espiritual. É representado pelo arco-íris que liga o céu a terra e pela grande serpente engolindo o próprio rabo, garantindo a unidade e a renovação do universo. Oxumarê sintetiza a duplicidade de todo o ser: mortal (no corpo) e imortal (no espírito). Por sua inteligência e astúcia indescritível, Oxumarê conhece todos os poderes dos outros Orixás, sendo também reconhecido como o Orixá do conhecimento e da sabedoria. Arò Boboi!!!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 30 NANÃ (NÀNÀ BURUKU / NANÃ BULUKU / NANÃ BURU / ANAMBURUKU / GANGAZUMBA / NZUMBARANDA) Nanã representa a memória ancestral do nosso povo: é a mãe antiga (Iyá Agbà) por excelência, a anciã, “vovó” entre os Orixás. Junto com Oxalá fez parte da criação, sendo responsável por dar forma ao homem e todos os seres viventes da terra. Nanã é o nascimento, o início e o fim. Entender Nanã é entender o destino, a vida e a trajetória do homem sobre a terra. Seu domínio está ligado à vida e à morte, à saúde e à maternidade e seus elementos são a terra, a água, a lama e o lodo. Salubá! Obiwá!

CANDOMBLÉ 31 IROKO (LOKO / TEMPO / KIDEMBO / ORIXÁ OKÔ) Iroko é um dos Orixás mais antigos. Acredita-se que foi a primeira árvore plantada na Terra, a maior e mais sagrada árvore do mundo. Ele representa o tempo, a ordem cronológica de passado, presente e futuro, assim como o clima e as estações do ano. Sua representação no Brasil é a Gameleira Branca. Segundo as lendas, seria a árvore por onde os Orixás descem do Orun (céu) ao Ayê (Terra). Está ligado à natureza, aos animais, à ancestralidade e integra todos os elementos da natureza. Irôko Issó! Eró! Irôko Kissilé!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 32 XANGÔ (SÀNGÓ / SHANGÓ / NZAZI LUANGO) Xangô é rei entre todos os reis. É o símbolo da soberania, do poder e da virtude. Ele é a expressão da autoridade e domina o mais perigoso de todos os elementos da natureza: o fogo. O poder mágico de Xangô reside no trovão: o fogo que corta o céu e arrasa a terra, trazendo a transformação. No Candomblé, Xangô é o representante da justiça. É o Orixá que rege a ética e a boa conduta, o defensor e o inquisidor, aquele que luta pelo bem e pelo correto. Seus elementos são o fogo (grandes chamas, raios) e as formações rochosas. Kawó Kabiesilé!!

CANDOMBLÉ 33 YANSÃ (OYÁ / YÁNSÀN / ÌYÁMESÀN / MATAMBA / BAMBURUCEMA) Yansã é o poder da união de elementos contraditórios, pois nasce da água e do fogo. A tempestade é a manifestação de Yansã, rainha dos raios, das ventanias, dos temporais. Guerreira por vocação, Yansã é a personificação da busca feminina por igualdade. Grande lutadora, vencedora de guerras, sem distinção por ser mulher. Possui ligação com Ikú (a Morte), é responsável pelo encaminhamento dos Eguns (Almas) para que sigam seu destino e não perturbem os viventes. Mãe que protege seus filhos como leoa. Seus elementos são o ar em movimento, o vento, o fogo. Epahey!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 34 OBÁ (IYÒBÁ / MINA LUANGO) Obá é um Orixá ligado à água, guerreira e masculinizada pela sua história na Terra. É a grande protetora do poder feminino, do corpo que gera novas vidas. Por desafiar as capacidades masculinas, Obá representa o temperamento forte e resistente que existe dentro de toda mulher. É a personificação da luta feminina pelos seus direitos, pelo respeito, pela independência. É a demonstração da natureza de que não há sexo forte ou frágil, e sim igualdade entre ambos. Seus domínios são o sucesso profissional e a superação e seus elementos são o fogo e as águas revoltas. Obà Siré!

CANDOMBLÉ 35 EWÁ (IYEWÁ / ÌYÁ WA / YEWÁ) Ewá é o Orixá da pureza. Seu maior atributo é a vidência. Tudo que é inexplorado conta com a sua proteção: a mata virgem, as moças virgens, os rios e lagos onde não se pode nadar ou navegar. É a divindade dos estados da água - de líquido para gasoso, até mesmo para sólido. Ewá é o desabrochar da flor, a lagarta que se transforma em borboleta, a nuvem que se desmancha em chuva, o baile da natureza se transformando interminavelmente. Está ligada à beleza, à vidência (sensibilidade, sexto sentido), criatividade, bom caráter e seus elementos são o pôr do sol e a mata virgem. Ri Ro Ewá!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 36 OXUM (ÒSÚN / OSHUN / DANDALUNDA / KISSIMBI) Oxum é a rainha de todas as riquezas, senhora do ouro e da fertilidade, mãe por excelência. É detentora do poder da água doce, de todos os rios e cachoeiras. Vaidosa, é a dona da fecundidade das mulheres, a personificação do amor, da paixão, da energia dos sentimentos humanos. Oxum também está ligada à riqueza, à fecundidade, à gestação e à maternidade e seu elemento é a água doce (rios, cachoeiras, nascentes, lagoas). Òóré Yéyé ó!

CANDOMBLÉ 37 LOGUN-EDÉ (LOGUNEDÉ / LÒGUNEDÉ / LOGUM / AVEREQUETE / ÒLÓGUNÈDÉ / TERE-KOMPENSO / KONGOBILA) Logun-Edé é o “príncipe herdeiro” entre os Orixás. É considerado o Orixá mais jovem do culto. Andrógeno, possui em si a dualidade que transcende o feminino e o masculino. Divindade relacionada à magia da vida, ao amor, à doçura, aos sentimentos fraternos, à alegria de viver. Logun-Éde é o maior dos feiticeiros, pois conhece os encantos da felicidade e da vida plena. Seus domínios são a riqueza, a fartura e a beleza e seus elementos a terra (floresta) e a água (de rios e cachoeiras). Logun ô akofá! Eru awá! Loci Loci Logun!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 38 YEMANJÁ (YEMONJÀ / YEMOJÁ / YEMAYA / KIANDÁ / KAIAIA) Yemanjá é a “Grande Mãe”, mãe de toda a humanidade, considerada a “Senhora das Cabeças”, a mãe que não faz distinção dos seus filhos. Apesar de no Brasil Yemanjá ser cultuada nas águas salgadas, a sua origem é no rio que corre para o mar. Como a vida inicia na água (útero) e o corpo de todos os seres é composto de água, Yemanjá vê todos os seres como seus “filhos peixes”. É ela quem governa o pensamento humano e as relações. Está ligada à maternidade (educação) e à saúde mental, psicológica. Seus elementos são as fases da lua, o encontro das águas, mares e marés. Erù-Iyá! Odó-Iyá!

CANDOMBLÉ 39 OXAGUIÃ (OXAGUIAN / OSOGIYAN/ OXALÁ/ OSÁLÀ/ OSAGIYAN / LEMBARENGANGA / AJAGUNÃ) O conhecido como Ajagunã, ou simplesmente Oxalá, é o conflito que antecede a paz, a própria revolução xaguiã, também que dá início às mudanças. Orixá do progresso e da cultura, da efervescência da vida, da discussão, da guerra e do avanço, da estratégia, da inteligência, do branco, do claro, do positivo e do masculino. É considerado o Oxalá mais jovem, aquele que carrega a espada e o pilão, e por isso conhecido como “comedor de inhame pilado”, alimento que representa a prosperidade. Está ligado ao poder transformador, progresso, cultura e seus elementos são o ar e a água. Epi epi, babá! Nixeuê Babá!

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 40 OXALUFÃ (OXOLUFAN/ OXALÁ/ ÒRISANLÁ/ ÒSALUFÓN/ LEMBÁ DILÊ / NKASSUTÉLEMBÁ) Orixalá (Òrìsanlà), Senhor do Branco, soberano entre todos os Orixás. Seu nome deu origem à palavra Oxalá, pela qual o grande Deus-Pai passou a ser conhecido no Brasil. Foi o primeiro Orixá concebido por Olodumare (Deus Supremo) e encarregado de criar não só o universo, como todos os seres, todas as coisas que existiriam no mundo. Oxalá é o responsável pelo “sopro da vida”, e por isto é ligado ao elemento ar. É o detentor do poder procriador masculino, ligado à criação, vida e morte. EpaBàbá!

CANDOMBLÉ 41 PALAVRAS CRUZADAS DO CANDOMBLÉ

SÉRIE CARTILHAS PEDAGÓGICAS – VOL. 2 42 LABIRINTO DOS ELEMENTOS LEVE O ORIXÁ ATÉ SEU ELEMENTO DA NATUREZA

CANDOMBLÉ 43 REFERÊNCIAS ALVES, Míriam Cristiane; ALVES, Alcione Correa (orgs.). Epistemologias e metodologias negras, descoloniais e antirracistas. 1. ed. Porto Alegre: Rede UNIDA, 2020. (Série Pensamento Negro Descolonial). BASTIDE, Roger. As religiões africanas no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1975. CAMARGO, Ana Flávia Girotto de; SCORSOLINI-COMIN, Fabio; SANTOS, Manoel Antônio dos. A feitura do santo: percursos desenvolvimentais de médiuns em iniciação no candomblé. Belo Horizonte, Psicologia & Sociedade, n. 30, 2018. Epub. GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação, n. 23, p. 7585, 2005. NOGUEIRA, Sindnei. Ori: autoconhecimento e vida em harmonia. ILÊ ARÁ – Instituto Livre de Estudos Avançados em Religiosidades Afro-brasileiras, 2019. PRANDI, Reginaldo. Herdeiras de Axé. São Paulo: Hucitec, 1997. ROCHA, Agenor Miranda. Oferendas. Rio de Janeiro: Imprimatur, 1998. SOUZA, Julianna Rosa. A Dramaturgia da Dança dos Orixás: Entrevista com Augusto Omolú. Urdimento, v. 1, n. 24, p. 237-246, julho 2015. VERGER, Pierre Fatumbi. Lendas africanas dos Orixás. 4. ed. Salvador: Corrupio, 1997.

CASA LEIRIA Rua do Parque, 470 São Leopoldo-RS Brasil Telefone: (51)3509-2196 casaleiria@casaleiria.com.br

Casa Leiria O Observatório Nacional de Justiça Socioambiental – OLMA é um núcleo organizador de instituições e iniciativas em rede focadas em temáticas comuns ligadas à “promoção da justiça socioambiental da rede jesuíta”. Criado pela Província dos Jesuítas do Brasil – BRA para observar em profundidade as grandes questões emergentes da realidade conflitiva e contraditória, em vários âmbitos e territórios, se propõe a desenvolver ações de documentação, sistematização, reflexão, formação e articulação de forma a colocar em sinergia todo o potencial acumulado na Rede Jesuíta, buscando, sobretudo, uma interlocução contínua com os diversos atores dentro e fora da Igreja.

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